sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A singularidade do cristianismo segundo Leonardo Boff

Roda viva - Leonardo Boff - parte 4

Roda viva - Leonardo Boff - parte 3

Roda viva - Leonardo Boff - parte 2

Roda viva - Leonardo Boff - parte 1

Darcy : Pensador do Brasil (Parte 2 de 2)

Darcy Ribeiro - Roda Viva - 1 ª Parte

PAULO FREIRE REFLEXÕES

Paulo Freire e a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO

Ultima Entrevista a Paulo Freire 1° parte

Paulo Freire Ultima Entrevista 2° parte

Ótimas Curiosidades Animais

Albatroz


O albatroz passa a maior parte do temp a voar e dorme em pleno voo, sustentado pelo vento do mar.

Formiga


As formigas entram num estado de letargia mas continuam sempre alerta para enfrentar os perigos.

Mosca


As moscas domésticas nascem de madrugada e morrem 24 horas depois. por isso, nunca dormem.

Quanto dorme um animal por dia?


Baleia - 1 hora
Boi - 4 horas
Cão - 10 horas
Cavalo - 3 horas
Elefante - 3 horas
Foca - 6 horas
Gato - 15 horas
Girafa 2 horas
Golfinho - 10 horas
Leão - 18 horas
Morcego - 19 horas
Porco - 8 horas
Preguiça - 20 horas
Rato - 13 horas
Zebra - 3 horas

Koala


O Koala é um dos poucos animais da terra que não precisa beber água.

Raia


A força de choque de uma raia elétrica é tão forte que pode atingir as suas vítimas a uma distância de até 4 metros.

Rainha dos Choques


A raia elétrica é o animal que mais dá choque. Nenhum outro animal carrega uma carga elétrica como a sua. Quando atacada, uma raia de 3 metros pode soltar uma carga elétrica de 800 volts. Quanto maior a raia, maior é sua carga elétrica.

Orca


A baleia orca é o animal marítimo mais veloz que existe. Ela pode alcançar 56 quilômetros por hora quando persegue sua presa.

Beija-Flor


O beija-flor é o único pássaro que voa para trás.

Sabiá


O som do sabiá vem da batida veloz de suas asas. Os menores sabiás são os que batem as asas mais rapidamente — chegando a até 80 batidas por segundo.

Crocodilo


O crocodilo sempre tem novos dentes crescendo que substituem seus dentes velhos. Além disso, ele nunca consegue mover a própria língua.

Esquilo


Esquilos sobem em árvores mais rapidamente do que andam no chão.

Pica-Pau


Um pica-pau dá mais de cem bicadas por minuto numa árvore, para procurar

Animal mais prolífico


O animal mais prolífico da natureza é o rato. As fêmeas dão entre três e seis ninhadas por ano. Um só casal, ao fim de três anos, pode dar origem a dez gerações. É por isso que o rato é o animal preferido nas pesquisas genéticas de laboratórios.

SEM CABEÇA


Alguns insetos conseguem viver até 1 ano sem a cabeça.

PEQUENINOS


Neste exato momento há mais de 100.000.000 de microorganismos alimentando-se, reproduzindo-se, nadando e depositando detritos na área em volta dos teus lábios.

BEBERRÃO


Um camelo consegue beber 120 litros de água em dez minutos.

ARMANDO A BARRACA


Na América do Sul há uma espécie de morcego que constrói tendas com as folhas das árvores.

AMOR DE IRMÃO


Alguns tubarões têm uma gestação de nove meses, como nos seres humanos. Em alguns casos o filhote devora o irmão ainda dentro da barriga da mãe.

"VELOZ" E FURIOSO


O Tiranossauro Rex era tão rápido como uma galinha. A velocidade do animal extinto era de no mínimo 16 km/h, e no máximo 40 km/h (o mesmo que um cão).

RATO


O animal mais prolífico da natureza é o rato. As fêmeas dão entre três e seis ninhadas por ano. Um só casal, ao fim de três anos, pode dar origem a dez gerações. É por isso que o rato é o animal preferido nas pesquisas genéticas de laboratórios.

FRANGO


Estima-se que existam 3 bilhões de galinhas na China.

MORTE DE ELEFANTE


O elefante sabe quando vai morrer e ao pressentir sua morte, separa-se de sua manada e vai para um lugar deserto.

PICADA DE ESCORPIÃO


Na Amazônia existe uma espécie de escorpião cuja picada causa espasmos semelhantes a choques elétricos. Durante 24 horas após a picada, a vítima sofre espasmos musculares generalizados, como se tivesse enfiado os dedos em uma tomada de 220 volts.

DINOSSAURO VELOZ


Lembram-se do filme "Jurassic Park" em que o Tiranossauro Rex persegue um Jeep a 80 km/h? É treta. O biólogo John Hutchinson, da Universidade Stanford, e o engenheiro Mariano Garcia, de Cornell, garantem que o mais famoso carnívoro era tão rápido como uma galinha. A velocidade do animal extinto era de no mínimo 16 km/h, e no máximo 40 km/h.

SEXO DOS LEÕES


Alguns leões copulam 50 vezes por dia.

LINGUA DE CROCODILO


O crocodilo não pode pôr a língua para fora.

MOSQUITO


Uma asa de mosquito se move mil vezes por segundo.

MEMÓRIA DE PEIXE


3 Segundos é o tempo que dura a memória de um peixinho dourado de aquário.

INTESTINO GRANDE


Um cavalo adulto que tem nada mais nada menos do que 27 metros de intestino!

TIGRE ASSASSINO


Uma fêmea de tigre morta por um caçador em 1911 estava acabando com a população de uma região situada no norte da Índia. Ela matou cerca de uma pessoa por semana durante oito anos.

BICHO MEDROSO


O avestruz é o animal mais medroso da natureza. Ele se assusta até de uma simples borboleta.

INSETOS


Cerca de 80% dos animais do planeta têm 6 pernas, isto é, são insetos. Existem mais de 800.000 espécies de insetos.

HIGIENE DOS GATOS


Após uma refeição, os gatos lavam-se imediatamente. Isto é um instinto que lhes diz para se limparem de modo a que os predadores não sintam o cheiro a comida e os ataquem.

HIENA FAMINTA


Uma hiena manchada pode engolir 15 a 20 quilos de carne em poucas horas.

GIRAFAS


As girafas não têm cordas vocais.

GASES BOVINOS


As vacas peidam cerca de 300 vezes por dia, enquanto um ser humano peida, em média, 8 vezes por dia.

DENTE PRA BURRO


Um tubarão pode ter 5 fileiras de dentes

SEDE DE COALA


Os koalas não bebem água, eles absorvem os líquidos das folhas de eucalipto.

TUBARÃO EXCITADO


Os tubarões-machos diferem das fêmeas apenas porque têm 2 pênis na região pélvica, que podem chegar a 1 metro cada. Porém, quando copula, o tubarão utiliza apenas 1 pênis e ou outro não se sabe para que serve.

RATOS E ELEFANTES


Os elefantes não têm tanto medo dos ratos como se pensa. Mas eles precisam tomar cuidado com os pequenos roedores, p
ois se um rato entra na tromba de um elefante, ele irá até o crânio do paquiderme e comerá o seu cérebro.

Uma barata d'água foi fotografada comendo um filhote de tartaruga

Usando as patas dianteiras, a barata d'água agarrou a tartaruga, enfiando o bico da presa   . Foto: Shin-ya Ohba /BBC BrasilUma barata d'água foi fotografada comendo um filhote de tartaruga no Japão, no que foi considerada uma inversão pouco comum de papéis predatórios.
Grandes insetos da subfamília Lethocerinae são conhecidos por caçar pequenos vertebrados, incluindo peixes e sapos. Mas uma espécie particular já era conhecida por comer filhotes de cobras - e, agora, ficou comprovado que se alimenta até de tartarugas.
O pesquisador Shin-ya Ohba registrou o comportamento pouco comum durante uma coleta de amostras durante a noite na província de Hyogo, no centro-sul do Japão.
Em um texto publicado na revista científica Entomological Science, Ohba descreve a sua observação de um Kirkaldyia deyrolli comendo um filhote de tartaruga em um fosso próximo a uma plantação de arroz.
Usando as suas patas dianteiras, a barata d'água agarrou a tartaruga, enfiando o seu bico semelhante a uma seringa no pescoço da presa para poder se alimentar. Anteriormente, Ohba já havia fotografado estes insetos comendo cobras.
"Todo mundo pensa que os insetos da subfamília Lethocerinae vivem de peixes e sapos. Embora comer tartarugas e cobras seja raro em condições naturais, (esta evidência) surpreende os naturalistas (por mostrar) hábitos alimentares vorazes", diz.
Espécie ameaçada
Os Kirkaldyia deyrolli são nativos do Japão, onde são encontrados vivendo em plantações de arroz, se alimentando principalmente de pequenos peixes e sapos.
A espécie é considerada ameaçada pela Agência Ambiental Japonesa depois de reduções significativas em sua população nos últimos 40 anos, supostamente devido à perda de habitat e à poluição da água.
As baratas d'água são os maiores exemplares dos insetos da ordem Hemiptera. Os integrantes da subfamíliaLethocerinae são encontrados em lagoas de água fresca, lagos e córregos de baixa velocidade, além de rios nas Américas do Norte e do Sul e no leste da Ásia.
Algumas espécies do gênero Lethocerus podem atingir até 15 cm de comprimento, têm hábitos noturnos e podem voar, aproveitando a luz da lua cheia para migrar. Ocasionalmente, estes insetos picam seres humanos

Fêmea de Besouro d’água gigante

Fêmea de Besouro d’água gigante deposita seus ovos nas costas do parceiro

Pertencente à família Belostomatidae, o Besouro d’água gigante é um inseto aquático. Parecido com um barbeiro, seu tamanho pode chegar aos 10,5 centímetros de comprimento – o que para a sua espécie é considerado grande. De corpo largo e achatado, sua coloração comum é do marrom para o castanho, com as asas acinzentadas, levemente camufladas. As patas dianteiras possuem uma garra em forma de gancho que são adaptadas para apanhar as suas presas. Já as posteriores são achatadas, parecidas com um remo, próprias para o nado - embora não seja muito bom nisso. Ao capturar as suas vítimas – caramujos, lesmas, girinos, salamandras, pequenos peixes e outros insetos – ele injeta, através de seu bico em forma de agulha, uma poderosa saliva que dissolve o interior da sua presa, permitindo a sucção do fluido tecidual desta. Porém, não é só em animais que este besouro pode causar certo dano. Por habitar locais comuns do ser humano – lagos e córregos – as chances deles se sentirem ameaçados são grandes, e quando isso acontece, não pensam duas vezes em picar quem lhe incomoda. Mas não é qualquer picadinha, esta é considerada uma das mais dolorosas entre muitas outras. Se retirados da água, eles costumam fingir-se de mortos e expelem um fluido pelo seu ânus. Caso não sejam devolvidos rapidamente, sofrem uma morte instantânea. Talvez, o mais curioso sobre esse inseto seja referente à maneira como se procriam. Atraídas pelos movimentos periódicos que os machos fazem próximo a superfície d’água, as fêmeas saem de seu habitat no período da noite dispostas a acasalarem. Normalmente, a cópula ocorre durante a primavera e os ovos são postos em plantas aquáticas ou em matéria vegetal em decomposição. Mas nessa espécie, as fêmeas depositam os ovos sobre as costas dos machos, junto com um líquido de grande poder adesivo, obrigando-os a carregar os ovos até a eclosão. Acredita-se que isso ocorra porque os machos costumam consumir os ovos e, em suas costas, o acesso torna-se praticamente impossível. Em alguns países os Besouros d’água gigantes são considerados um tipo de iguaria para a culinária. Tailândia e Vietnã são exemplos disso. Nesses lugares é comum encontrar esse prato sendo servido em restaurantes ou em feiras livres.
Fonte: Rede Ambiente

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Asherah, a Deusa Proibida


Asherah, a Deusa Proibida




Para a maioria das pessoas que lêem a Bíblia, a idéia de um único Deus de Israel, Yahweh, parece ser clara. No entanto, descobertas arqueológicas das últimas décadas vem demonstrando que Yahweh nem sempre esteve solitário. Antes da ascensão do monoteísmo em Israel, o Deus Yahweh fazia parte de um contexto politeísta onde havia um panteão de Deuses e Deusas, sendo que provavelmente foi adorado ao lado de sua consorte, Asherah.
Reconstruir a presença da Deusa Asherah na vida de mulheres e homens no Antigo Israel é um esforço de, a partir de uma perspectiva feminista e de gênero, trazer elementos que nos ajudem numa maior aproximação do que foram os espaços religiosos e vitais deste povo. Esta reconstrução é algo necessário, uma vez que estamos diante de textos sagrados marcados pelo sistema patriarcal que projetou historicamente um Deus masculino, legitimando práticas e funções masculinas, com isso silenciando as mulheres, suas representações sagradas, tudo aquilo que pudesse lhes garantir espaço e voz. Por isso, faz-se necessário a nossa reflexão

“voltar a um ponto anterior ao monoteísmo patriarcal, até religiões nas quais uma Deusa era a imagem divina dominante ou então era emparelhada com a imagem masculina de uma forma que tornava a ambas modos equivalentes de aprender o divino" (Ruether, 1993, p. 46).

Carol Christ (2005, p.17) ressalta que “re-imaginar o poder divino como Deusa tem importantes conseqüências psicológicas e políticas”, como caminho de desconstrução do pensamento que naturaliza a dominação masculina. Segundo Schroer (1995, p. 40), o culto à Deusa era exercido tanto por homens como por mulheres, mas veio sobretudo ao encontro das necessidades das mulheres, pois lhes oferecia mais espaço no âmbito religioso.

Através de uma “hermenêutica feminista de suspeita”, método proposto por Elisabeth Schüssler Fiorenza (1992, p. 89), queremos “re-imaginar” Asherah a partir de uma crítica ao patriarcado presente nos textos bíblicos, reconstruindo a memória da Deusa a partir dos dados arqueológicos e identificando na literatura bíblica a relação conflituosa que se estabelece com ela.

As origens do monoteísmo no Antigo Israel

Há uma grande problemática em torno do início do monoteísmo. Frank Crüsemann (2001, p. 780) aponta a época do profeta Elias (cf. 1Rs 18,19-40) como o momento histórico em que se começa a falar da exclusividade do Deus de Israel, principalmente no embate com o Deus Baal e no processo de sincretismo onde Yahweh incorpora as características de Baal. Os escritos bíblicos do Primeiro Testamento teriam em si a tendência de mostrar, do início ao fim, a realidade do monoteísmo, “a proibição de se adorar outras divindades já é pressuposta em Gênesis e formulada claramente no Sinai (Ex 20,2)” (Crüsemann, 2001, p. 781).

Haroldo Reimer (2006, p.115) aponta, sobretudo o século V a.E.C como o momento histórico marcante, em que Yahweh vai se constituindo como Deus único de Israel, desencadeando um “processo de diabolização de outras divindades”.
Num primeiro momento, a divindade Yahweh teria sido um elemento religioso que veio de fora do contexto cananeu. Nesta época, possivelmente era o Deus El que ocupava a cabeça do panteão divino. Yahweh passa a integrar o contexto israelita sem contudo negar a existência e diversidade de outras divindades.

No entanto, os conflitos religiosos começam a acontecer, sobretudo no Reino do Norte, no período que vai dos séculos IX a VIII a.E.C, com o Deus Baal, ocorrendo a transferência dos atributos da fertilidade de Baal para Yahweh, o que Crüsemann também aponta. Já no Reino do Sul, do final do século VIII até o final do século VII a.E.C, “a fé monoteísta javista é afirmada em um contexto nacionalista, na medida em que se pode retrojetar a idéia de nação para aqueles tempos. A diversidade religiosa passa a ser objeto de ações perseguidoras oficiais” (Reimer, 2006, p. 117).

A afirmação da exclusividade de Yahweh acarreta um processo de “diabolização” da própria Deusa Asherah, onde textos bíblicos serão instrumentos de justificação deste processo monoteísta. Frente a essa exclusividade de Yahweh, será impossível a sobrevivência de qualquer outra divindade, além de que a ênfase em Yahweh será critério de afirmação do sacerdócio masculino perpetuando uma sociedade patriarcal (Reimer, 2006, p. 117).

Neste contexto, a existência de outras divindades masculinas e femininas foi sempre uma ameaça ao monoteísmo estabelecido, sendo que as reformas religiosas em Judá, de Josafá (870-848 a.E.C), de Ezequias (716-687 a.E.C), de Josias (640-609 a.E.C) e as legislações do Código da Aliança (Ex 20,22-23,19) e do Código Deuteronômico (Dt 12-26) agiram como instrumentos que visavam assegurar a fé monoteísta (Reimer, 2003, p. 968).

A presença da Deusa em Israel (do Bronze ao Ferro)

Conforme a pesquisadora Monika Ottermann (2004), que traça o panorama da presença da Deusa em Israel, da Idade do Bronze à Idade do Ferro, no Oriente Médio, datando a Idade do Bronze Médio (1800-1500 a.E.C), a representação da Deusa é caracterizada como “Deusa-Nua”, destacando o triângulo púbico, emergindo também representações em forma de ramos ou pequenas árvores estilizadas, combinação que vem a ser denominada “Deusa-Árvore”.

Na Idade do Bronze Tardio (1550-1250/1150 a.E.C), a Deusa-Árvore apresenta duas mudanças, aparecendo em forma de uma árvore sagrada flanqueada por cabritos ou como um triângulo púbico, que substitui a árvore. Neste período, já se nota a tendência de substituição do corpo da Deusa pelos seus atributos, em especial a árvore.

A Deusa continua perdendo representatividade na religião oficial, onde divindades masculinas ganham cada vez mais força, principalmente a partir de características dominadoras e guerreiras. Na Idade do Ferro I (1250/1150-1000), a forma corporal da Deusa-Árvore vai desaparecendo enquanto que formas de animais que amamentam filhotes, às vezes com a presença de uma árvore estilizada, ganham cada vez mais espaços na glíptica, significando a prosperidade e a fertilidade. A presença da Deusa fica relegada aos espaços de religiosidade das mulheres.

Na Idade do Ferro IIA (1000-900 a.E.C), início da formação do javismo as Deusas passam a ser simbolizadas por seus atributos. A forma vegetal da Deusa confunde-se com seu símbolo, a árvore estilizada, sendo que muitas vezes é substituída por ele. Entendemos essas imagens como representações da Deusa Asherah.

Na Idade do Ferro IIB (925-720/700 a.E.C), Israel e Judá apresentam diferenças no âmbito simbólico. Os documentos epigráficos de Kuntillet Adjrud e de Khirbet el-Qom destacam um vínculo estreito entre Asherah e Yahweh, o que acima de tudo demonstra um contexto politeísta, onde se adoravam a várias divindades femininas e masculinas.

Na Idade do Ferro IIC (720/700-600 a.E.C), a Babilônia derruba a Assíria e passa a dominar Israel e Judá. Neste período encontramos o símbolo tradicional da Deusa, a árvore e o ramo. Vários selos ou impressões de selos que associam símbolos astrais com árvores estilizadas foram encontrados na Palestina e na Transjordânia, o que reforça interpretações sobre a existência de um culto a Deusa Asherah ao lado do Deus Yahweh. É principalmente na forma de árvore estilizada que, ao longo de séculos, Asherah esteve presente em Israel.

Evidências arqueológicas da Deusa Asherah

As primeiras evidências de Asherah aparecem em textos cuneiformes babilônicos (1830-1531 a.E.C) e nas cartas de El Armana (século XIV a.E.C) (Neuenfeldt, 1999, p. 5).

Para o pesquisador Ruth Hestrin (1991, p. 52-53), informações importantes sobre Asherah vêm dos textos ugaríticos de Ras Shamra (Costa Mediterrânea da Síria). Nestes textos, Asherah é chamada de Atirat, consorte de El, principal Deus do panteão cananeu no II milênio a.E.C, sendo mencionada também como ‘Elat, forma feminina de El. Nos textos ugaríticos, Asherah (ou seja, Atirat ou ‘Elat) é a mãe dos Deuses, simbolizando a Deusa do amor, do sexo e da fertilidade.

Também foram escavados vários pingentes ugaríticos que retratam uma Deusa, provavelmente Atirat/ ‘Elat. A figura humana estilizada nestes pingentes contém o rosto, os seios e a região púbica e uma pequena árvore estilizada gravada acima do triângulo púbico.

Em 1934, o arqueólogo britânico James L. Starkey encontrou o jarro de Lachish, datado aproximadamente no 13º século a.E.C, provavelmente ano 1220.

O jarro é decorado e contém inscrições raras do antigo alfabeto semítico. Na decoração há o desenho de uma árvore flanqueada por duas cabras com longos chifres para trás, que, segundo Ruth Hestrin, representa Asherah. Uma inscrição que segue pela borda do jarro tem sido reconstruída e traduzida por Frank M. Cross, como: “Mattan. Um oferecimento para minha senhora 'Elat”.

Não se sabe quem é Mattan, mas está claro que ele faz uma oferenda para 'Elat, que é o feminino para El, chefe do panteão cananeu no II milênio a.E.C, equivalente ao pré-bíblico Asherah. Nota-se um dado importante, o nome 'Elat está escrito logo acima da árvore, representação de 'Elat/ Asherah. Há uma possibilidade deste jarro e seu conteúdo terem sido uma oferenda à Deusa (Hestrin, 1991, p. 54).

No entanto, foi no templo de Arad, no Neguev, ao sul de Jerusalém, que se encontrou fortes evidências de Asherah. No santuário interno foram encontrados dois altares diante de um par de pedras verticais, possivelmente lugar de culto a Yahweh e Asherah. Um outro altar foi encontrado no pátio externo do templo com tigelas dos sacerdotes e cinzas de ossos de animais queimados, no canto uma irmandade local e altares com pedras duplas (Discovery, 1993). Segundo Elaine Neuenfeldt (1999, p. 6), o templo é datado aproximadamente da época do Bronze Recente, entre o 10º e 8º séculos a.E.C., quando possivelmente a reforma de Ezequias o extinguiu (2Rs 18).

Em Khirbet el-Qom, ao oeste de Hebron, em 1967, outro arqueólogo encontrou um túmulo judaico da segunda metade do século VIII (Discovery, 1993), com uma inscrição na parede interior que Croatto (2001, p. 36) traduz como:

“1. Urijahu [...] sua inscrição.
2. Abençoado seja Urijahu por Javé (lyhwh)
3. sua luz por Asherah, a que mantém sua mão sobre ele
4. por sua rpy, que...”


Segundo Hestrin, em 1975-1976, o arqueólogo israelita Ze’ev Meshel, em Kuntillet Adjrud, 50km ao sul de Qadesh-Barnea, na antiga estrada de Gaza a Elat, escavou uma pousada no deserto que continha várias inscrições. Controlado por Israel, este posto estatal encontrava-se em território de Judá, funcionando aproximadamente entre 800-775 a.E.C. No prédio principal, em sua entrada, duas jarras de armazenagem com desenhos e inscrições foram encontradas e identificadas como pithos A e pithos B. Na inscrição do pithos A se lê:

“Diz... Diga a Jehallel... Josafa e...”:
Abençoo-vos em YHWH de Samaria e sua Asherah”.


No pithos B se lê:

“Diz Amarjahu: Diga ao meu Senhor: Estás bem?”.
Abençoo-te em YHWH de Teman e sua Asherah.
Ele te abençoa e te guarde e com meu senhor ”.

Neste pithos aparecem três figuras, duas masculinas retratos do Deus egípcio Bes e uma claramente feminina (seios em destaque) tocando uma lira.

Em 1968, o arqueólogo americano Paul Lapp escavou um outro artefato muito famoso em Taanach, datando ao final do 10º século a.E.C (Hestrin, 1991, p. 57). Num dos quartos da instalação cúltica foram encontrados prensa de óleo, forma para fazer figuras de Asherah, sessenta pesos de tear e 140 ossos de articulações de ovelhas e cabras (Neuenfeldt, 1999, p. 7).

Um quadrado oco de terracota, aberto na base, composto de quatro níveis ou róis também foi encontrado. Conforme Ruth Hestrin (1991, p. 57-58), no rol inferior, uma mulher nua flanqueada por dois leões é mais uma representação de Asherah, Deusa-mãe. No segundo rol temos uma abertura vazia no meio (provavelmente a entrada do templo) flanqueada por duas esfinges (corpo de leão, asas de pássaros e cabeça de mulher). O terceiro rol traz uma árvore sagrada da qual saem três pares de galhos, simbolizando a Deusa principal, Asherah, consorte de Baal e fonte da fertilidade, sendo flanqueada possivelmente por duas leoas. No rol superior temos um touro sem chifres, com um disco de sol em cima, o que simboliza o Deus supremo não só na Mesopotâmia e no panteão hitita, como também no panteão cananeu. O jovem touro representa Baal, principal Deus do panteão cananeu, que no II milênio substituiu El, cabeça do panteão.

Em 1960, a arqueóloga inglesa Kathyn Kenyon descobriu centenas de estatuetas femininas quebradas em uma caverna perto do templo de Salomão em Jerusalém, para vários estudiosos essa descoberta sinalizou a existência do templo, para outros determinou o fim dos cultos pagãos pelo rei Josias, o qual ordenou a destruição de todos os vasos feitos para Baal e Asherah (Discovery, 1993).

Portanto, Asherah quase sempre foi adorada sob o corpo de uma árvore, seu culto era principalmente realizado ao redor de uma árvore natural ou estilizada, de um poste sagrado que podia estar ao lado de um altar seu ou de outra divindade.

“Porém, seu culto foi realizado, de preferência, debaixo de uma árvore natural, nos chamados 'lugares altos', santuários ao ar vivo no topo das colinas e montanhas. Na maioria do tempo, uma imagem ou símbolo de Asherah estava também presente dentro do próprio templo de Jerusalém" (Ottermann, 2005, p. 49).

Deusa Asherah: uma imagem a partir dos escritos bíblicos

Conforme Ruth Hestrin (1991, p. 50), Asherah é mencionada cerca de 40 vezes na Bíblia Hebraica, de três formas diferentes, ora como uma imagem que representa a própria Deusa, ora como uma árvore ou como um tronco de árvore, que a simbolizam.

O culto a Asherah foi muito popular em Israel e Judá. O rei Asa (912-871 a.E.C), que ficou no poder durante 41 anos em Judá, empreendeu uma restauração no culto a Yahweh e “chegou a retirar de sua mãe a dignidade de Grande Dama, porque ela fizera um ídolo para Aserá; Asa quebrou o ídolo e queimou-o no vale do Cedron” (1Rs 15,13; cf. 2Cr 15,16). O ídolo remete na palavra hebraica mifleset, a algum objeto de culto, provavelmente de madeira. É interessante perceber que o culto se dá no palácio, em ambiente oficial (Croatto, 2001, p. 40-41). Já na passagem de 1Rs 16,33 “Acab erigiu também um poste sagrado...” demonstrando que Asherah também foi adorada em Israel.

Em 2Cr 14,1-2, onde o rei Asa é lembrado como o rei que fez o que é “bom e justo aos olhos de Yahweh, seu Deus”, exatamente porque “eliminou os altares do estrangeiro e os lugares altos, despedaçou as estelas, destruiu as aserás...” ordenando o povo a praticar a lei e os mandamentos de Yahweh (cf. Jz 3,7).

Refletindo sobre os textos bíblicos que mencionam a Deusa Asherah teremos como pano de fundo o contexto que Silvia Schroer tão bem elucida,

“os/as repatriados/as da Babilônia tinham integrado a questão da culpa de tal maneira que consideravam sobretudo o culto às deusas como motivo da ruína de Israel. Os expoentes deste grupo conseguiram banir de Judá quase completamente o culto às deusas dentro de um século e de apagar, o máximo possível, as memórias dele. Não é por acaso que o culto clandestino à deusa acontece no contexto de proibições misóginas e xenófobas de casamentos mistos. Todas as tentativas que seguem, de integrar a deusa pelo menos na linguagem teológica, são tentativas assentadas dentro do sistema monoteísta” (Schroer, 1995, p. 40).

A partir desta perspectiva, de demonização da Deusa ou das Deusas, Asherah passa a se tornar a Deusa proibida, a causa dos males e da ruína de Israel.

A marginalização do feminino, das mulheres é um processo que também se dá e se sustenta por meio de escritos bíblicos justificadores de uma sociedade patriarcal, atuando assim no que podemos chamar de “desempoderamento” das mulheres a partir do sagrado, o que trouxe e traz fortes impactos nas dimensões culturais, religiosas, sociais, econômicas e políticas.

Há uma preocupação dos redatores bíblicos de excluir qualquer suspeita da Deusa Asherah ao lado de Yahweh, como sua consorte. No entanto, as inúmeras citações sobre Asherah demonstram seu peso no contexto religioso e isso fez dela uma grande ameaça ao monoteísmo javista em ascensão.

O rei Josafá (871-848 a.E.C), filho e sucessor do rei Asa, deu continuidade à política de seu pai, “Yahweh manteve o reino em suas mãos” (2Cr 17,5), pois “seu coração caminhou nas sendas de Yahweh e ele suprimiu de novo em Judá os lugares altos e as aserás” (2Cr 17,6). Em outra passagem, Josafá após combater contra Aram, apesar de ferido, volta com vida para Jerusalém sendo aclamado por Jeú, o vidente,

“deve-se levar auxílio ao ímpio? Amarias aqueles que odeiam Yahweh, para assim atrair sobre ti sua cólera? Todavia, foi encontrado em ti algo de bom, pois eliminaste da terra as aserás e aplicaste teu coração à procura de Deus” (2Cr 19,3).

Ezequias (727-698 a.E.C), filho e sucessor de Acaz, é lembrado como o rei que “fez o que é agradável aos olhos de Yahweh”. Durante o seu reinado, após a celebração da Páscoa e da festa dos Ázimos é empreendida uma reforma do culto,

“terminadas todas essas festas, todo o Israel que lá se achava saiu pelas cidades de Judá quebrando as estelas, despedaçando as aserás, demolindo os lugares altos e os altares, para eliminá-los por completo de todo o Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. A seguir, todos os israelitas voltaram para suas cidades, cada um para seu patrimônio” (2Cr 31,1).

Nesta época o Reino do Norte, Israel, já havia sido destruído, sendo assim, Judá, Reino do Sul, tornou-se o único espaço onde a identidade religiosa do povo de Yahweh poderia ser mantida. Foi nesse contexto que Ezequias promoveu uma extensa reforma religiosa e política, com intenções de reunir o povo em torno de um só Deus e um só rei. Por isso, Ezequias é exaltado pelos redatores deuteronomistas como o rei que “fez o que agrada aos olhos de Yahweh” (2Rs 18,3). A reforma religiosa de Ezequias era baseada nas seguintes medidas: no combate a idolatria, na centralização do culto a Yahweh em Jerusalém e no cumprimento dos mandamentos. Tais medidas podem ter sido fundamentadas no documento trazido do Norte (Dt 12-26), que foi adaptado à reforma em Judá. Josias retoma 100 anos mais tarde este documento para empreender sua reforma religiosa e política (Gass, 2005, p. 78-83).

O rei Manassés (698-643 a.E.C), filho e sucessor de Ezequias, é lembrado pelos redatores como um rei que “fez mal aos olhos de Yahweh”, justamente porque reconstruiu os lugares altos que seu pai havia destruído, ergueu altares para os baais e fabricou postes sagrados, prestando-lhes culto. No entanto, foi construir altares dentro do Templo de Yahweh (2Rs 21,7) a maior abominação para os redatores, que ao final dos escritos sobre Manassés relatam sua conversão a Yahweh. “Sua oração e como foi ouvido, todos os seus pecados e sua impiedade, os sítios onde havia construído os lugares altos e erguido aserás e ídolos antes de se ter humilhado, tudo está consignado na história de Hozai” (2Cr 33,19).

O rei Josias (640-609 a.E.C) empreendeu uma reforma a partir de 622 a.E.C fazendo de Jerusalém o centro político e religioso de seu estado, destruindo os santuários de Yahweh que havia no interior e acabando com os cultos cananeus e assírios, que aconteciam no templo de Jerusalém e nos lugares altos. A reforma de Josias atingiu a liberdade religiosa popular, pois ordenou

“a Helcias, o sumo sacerdote, aos sacerdotes que ocupavam o segundo lugar e aos guardas das portas que retirassem do santuário de Yahweh todos os objetos de culto que tinham sido feitos para Baal, para Aserá e para todo o exército do céu, queimou-os fora de Jerusalém, nos campos do Cedron e levou suas cinzas para Betel” (2Rs 23,4).

com isso, o culto exclusivo a Yahweh é reafirmado pela corte e pela classe sacerdotal de Jerusalém, exclusividade que custou caro à religiosidade popular (Gass, 2005, p. 134-138).

Josias ainda “demoliu as casas dos prostitutos sagrados, que estavam no templo de Yahweh, onde as mulheres teciam véus para Aserá” (2Rs 23,7). Aqui provavelmente se trata de vestidos feitos para a estátua de Asherah (Croatto, 2001, p. 41).

As intenções daqueles que redigiram tais textos parecem claras, ou seja, querem demonstrar que o “bom e justo” rei e povo é aquele que elimina qualquer resquício da presença de outros Deuses e Deusas em Israel, que o rei ou povo que “faz mal aos olhos de Yahweh” seria justamente aquele que aceita a realidade politeísta.

Na citação a seguir além de derrubar, despedaçar e reduzir a pó os altares, Josias manda espalhar este pó sobre o túmulo dos que ofereciam sacrifício a Baal e Asherah, ou seja, está explicíto que pessoas foram assassinadas. Aqui o nome Asherah aparece no plural,

“no oitavo ano de seu reinado, quando ainda não era mais que um adolescente, começou a buscar ao Deus de Davi, seu antepassado. No décimo segundo ano de seu reinado, começou a purificar Judá e Jerusalém dos lugares altos, das aserás, dos ídolos de madeira ou de metal fundido. Derrubaram diante dele os altares dos baais, ele próprio demoliu os altares de incensos que estavam sobre eles, despedaçou as aserás, os ídolos de madeira ou de metal fundido, e tendo-os reduzido a pó, espalhou o pó sobre os túmulos dos que lhes ofereceram sacrifícios (...) Nas cidades de Manassés, de Efraim, de Simeão e também de Neftali e nos territórios devastados que os rodeavam, ele demoliu os altares, as aserás, quebrou e pulverizou os ídolos, derrubou os altares de incenso em toda a terra de Israel e depois voltou para Jerusalém” (2Cr 34,3-4.6-7).

Em Is 27,9 a Deusa Asherah é taxada de forma explícita como o pecado de Israel, a causa de sua iniqüidade e ruína, devendo ser banida por completo,

“porque, com isto, será expiada a iniqüidade de Jacó. Este será o fruto que ele há de recolher da renúncia ao seu pecado, quando reduzir todas as pedras do altar a pedaços, como pedras de calcário, quando as Aserás e os altares de incenso já não permanecerem de pé”.

Está claro que a ascensão do culto exclusivo a Yahweh não se faz de forma tranqüila, mas de forma violenta, a partir da intolerância religiosa, da destruição e da eliminação por completo do outro, que se torna uma ameaça.

A proibição “não plantarás um poste sagrado ou qualquer árvore ao lado de um altar de Yahweh teu Deus que hajas feito para ti, nem levantarás uma estela, porque Yahweh teu Deus a odeia” (Dt 16-21-22), conforme Croatto (2001, p.42), revela que o objeto que simboliza Asherah é feito de madeira, que está plantado, ou seja, é um poste ou uma estaca e não uma estátua, que sua colocação “ao lado de um altar de Yahweh” transparece o caráter cultual do símbolo e principalmente a associação da Deusa simbolizada junto com o próprio Yahweh.

Acab (874-853 a.E.C) construiu um templo de Baal para sua esposa fenícia, “erigiu também um poste sagrado e cometeu ainda outros pecados, irritando Yahweh, Deus de Israel, mais que todos os reis de Israel que o precederam” (1Rs 16,33).

Os redatores deuteronomistas se queixam que na época do rei Joacaz (813-797 a.E.C) o culto a Asherah esteve presente “todavia, não se apartaram do pecado ao qual a casa de Jeroboão havia arrastado Israel; obstinaram-se nele e até mesmo o poste sagrado permaneceu de pé em Samaria” (2Rs 13,6). A ruína da Samaria é então explicada em 2Rs 17,16 porque “rejeitaram os mandamentos de Yahweh seu Deus, fabricaram para si estátuas de metal fundido, os dois bezerros de ouro, fizeram um poste sagrado, adoraram todo o exército do céu e prestaram culto a Baal”.

Os redatores bíblicos tinham uma intenção nítida, contar a história a partir de Yahweh, único Deus, de tal forma que Asherah de consorte passe a ser sua rival, ou seja, a elite de escritores bíblicos tinham uma idéia clara daquilo que Deus deveria ser: único e masculino, Yahweh, negando assim toda a realidade politeísta em Israel.

Conclusões

Asherah possivelmente era uma Deusa e consorte de Yahweh no Antigo Israel e não um simples atributo deste. A proibição da Deusa Asherah é fruto de um dado momento histórico de elaboração e ascensão do monoteísmo javista, onde a identidade judaica, após a drástica experiência do exílio babilônico e na tentativa de reorganização da nação, passa a se constituir em torno de três pilares: um só Deus, um só Povo e uma só Lei. A centralidade em Yahweh se torna um fator importante de credibilidade e legitimação da nova identidade nacional em formação, resultado das reformas empreendidas por Esdras e Neemias. A idolatria se torna então a culpa da ruína de Israel e neste contexto Yahweh é triunfante. Isso irá se refletir no conflito que os textos bíblicos demonstram em relação a Asherah e a outros Deuses e Deusas, bem como, em relação principalmente às mulheres estrangeiras.

Podemos claramente perceber que a elaboração e instituição do monoteísmo não se deu de forma democrática e muito menos pacífica. A partir de um contexto politeísta, a centralidade em Yahweh é um processo violento, de destruição da cultura religiosa do outro e da outra, de proibição do diferente, demonizando-o e tornando-o uma ameaça. Um processo nítido de intolerância religiosa.

A supressão do culto e da imagem da Deusa Asherah traz consigo conseqüências profundas para as relações entre os gêneros, afetando em especial aos corpos das mulheres, que tinham na Deusa uma possibilidade de representação do feminino no sagrado. A religião judaica vai se constituindo em torno de um único Deus masculino, legitimando historicamente uma sociedade patriarcal. Este poder divino imaginado somente como Deus afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu de um pressuposto de dominação, opressão e hierarquização das relações, tanto humanas como ecológicas.

Afirmar Asherah como Deusa é polêmico, mas necessário à religião e à pesquisa bíblica. Dar voz a uma época em que Deuses e Deusas eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos impulsiona a re-pensar não só as relações pré-estabelecidas entre homens e mulheres, bem como, a própria representação do sagrado estabelecida.

Re-imaginar o sagrado como Deusa é re-imaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a presença de Deus e sim de dar espaço ao feminino no sagrado, novamente o feminino não como um atributo do Deus masculino, mas como Deusa.

Esta talvez seja uma grande contribuição da reflexão feminista, que nos desloca e nos provoca a re-imaginar o sagrado, como possibilidade de re-imaginar a sociedade e as estruturas cristalizadas secularmente.

Referências

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CHRIST, Carol P. Re-imaginando o divino no mundo como ela que muda. Tradução de Monika Ottermann. Mandrágora. São Paulo, ano XI, nº 11, p. 16-28, 2005.
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SCHROER, Silvia. A Caminho para uma reconstrução feminista da História de Israel. Tradução de Monika Ottermann, (s.d.) 1995.

ASERÁ E LILITH

ASERÁ E LILITH




O nome de Lilith se deriva da palavra assíria "lilita", um demônio feminino, ou espírito do vento. Porém, anteriormente, aparece como"Lillake" em uma tablita suméria de 2000 a.C., encontrada em Ur que contêm o conto de Gilgamesh e da Árvore Huluppu, um salgueiro sagrado.
Ali ela é um ser demoníaco que vive no tronco da árvore do salgueiro arrancado pela Deusa Inanna e lançado aos bancos do rio Eufrates.

Lilith é uma deidade conectada estreitamente com Inanna. Lilith se sentou originalmente em seu trono, uma árvore de salgueiro de três galhos com uma serpente dragão em suas raízes e Anzu ou pássaro Zu ou Ku (o deus sumério das tormentas) nos galhos. Essa árvore estava consagrada a Deusa e foi plantada por Inanna no rio Eufrates. A representavam como uma bela mulher nua com peitos proeminentes,situada entre dois leões, flanqueados por duas corujas, usando um turbante de serpente e com asas.

Em suas mãos tem o símbolo do poder.

Liltih se relaciona em várias ocasiões com a árvore do conhecimento.As vezes se mostra na árvore com o rabo da serpente e pés de animal. Os ícones dedicados a Aserá mostram pinturas de uma "árvore sagrada".Entre outros títulos, Asera era conhecida como "A Deusa da Árvore da Vida", "A Divina Dama do Éden" e "A Senhora da Serpente".

Aserá era representada, as vezes, como uma mulher que carregava uma ou mais serpentes nas mãos. Era a serpente de Aserá quem aconselhou Eva para desobedecer a ordem de deus de não comer da árvore sagrada. Em resumo,Aserá era uma das múltiplas representações de Lilith.

Segundo a Biblia, os antigos adoradores de Aserá incluíam ao rei sábio Salomão e outros reis bíblicos, assim como suas esposas e filhas de Jerusalém. Os profetas do antigo testamento, as vezes, os criticavam por oferecerem incenso à Rainha dos Céus.
Como sabemos, esses rituais sempre eram realizados em frente à uma árvore que representava a Deusa. Era a árvore do bem e do mal, a árvore do conhecimento, a árvore da vida, enfim, a árvore Huluppu.

Esse ritual realizado em torno da árvore, chegou aos nossos dias e hoje nós a conhecemos como a Árvore de Natal.

Deusa Aserá

Deusa Aserá

ASERÁ

Aserá é uma Deusa cananéia muito antiga, uma inscrição suméria datando de 1750 a.C. se refere a ela como a esposa de Anu, que pode ser identificado como El, o deus pai do panteão cananeu, cujo papel é muito similar ao deus sumério An.

Aserá era chamada "A Senhora do Mar", o que a relaciona com a Nammu suméria e com a Ísis egípcia,"nascida da umidade". É possível que Aserá se convertesse na esposa deYahvé aos olhos dos hebreus quando o deus assimilou a iconografia de deus pai que havia pertencido a El.

.Seu outro título era "Mãe dos Deuses", como a Deusa Ninhursag suméria,e entre seus setenta filhos figuram Baal e Mot, e sua filha Anat. Os reis de alimentavam de seus peitos, como se alimentavam da Deusa na Suméria e no Egito. Como o símbolo astrológico de Baal era o Sol, Asera é freqüentemente associada com à Lua, mas seu símbolo era o planeta Vênus.

Entre outros títulos se destacam ainda:"rainha do céu" (Jeremias 7:18; 44:17,19);senhora dos céus, da terra e do mundo subterrâneo; o grande princípio fêmea universal. Dizia-se que em suas mãos estavam a vida, a morte e a renovação de toda a natureza.

Como imagem da árvore da vida, se alçava nos templos e bosques de Canaã, e era venerada como "Doadora de Vida". Muitas de suas imagens, chamadas "asherim", eram esculpidas em madeira e colocadas junto ao altar nos templos, ou em um bosque próximo ou sobre altares dispostos no alto de colinas ou em "lugares elevados",consagrados à Deusa, como em Creta.

Uma imagem permaneceu durante muitos séculos no grande templo de Salomão, em Jerusalém.

A Deusa a segura os seios como o mesmo gesto que a imagem babilônia de Isthar, sugere a oferenda do alimento que flui deles. É possível que as "asherim" fossem verdadeiras árvores, muito provavelmente o sicômoro ou amoreira negra, com seu fruto rico e escuro e sua seiva leitosa, que pertenciam a Deusa no Egito e em Creta.

Fossem árvores ou efígies, as "asherim" eram as que provocavam a fúria dos profetas e as orgias da destruição à mão de certos reis que, de vez em quando, instigados pelos profetas, ordenavam sua eliminação imediata. A palavra "Aserá" na Bíblia pode referir-se tanto a própria Deusa como sua imagem de madeira esculpida, embora nenhuma dessas imagens sobreviveu. No entanto, muitas figuras de argila, pequenas e nuas, são encontradas no interior das casas; e o corpo e as pernas, têm uma coluna cilíndrica que terminas em uma base plana.

Possivelmente fossem pequenos modelos de imagens maiores que encontravam-se nos bosques e templos. Em cada escavação arqueológica importante na Palestina são encontradas figuras femininas, datadas entre 2.000 a.C até 600 a.C. É possível que as mulheres usassem estas diminutas imagens para pedir a Aserá sua ajuda no parto ou para que lhes concedesse fertilidade.

Aserá foi a Deusa de Tiro e da Sidônia em épocas longínquas, ao menos desde 1200 a.C, e foi provavelmente uma esposa sidônia de Salomão quem a introduziu na corte do rei hebreu. Mais tarde, o rei Ajab (873-852a. C.) se casou com Jezabel, filha de um rei da Sidônia, e o culto a Aserá foi estabelecido de novo na corte., junto com seu filho Baal.

O culto à Asera no reino do norte, Israel, persistiu até 721 a.C., mas permaneceu em Betel, pois lemos em Josias, que o rei de Judá (629-609a.C), destruiu os altares que haviam sido erigidos por Jeroboam 300anos antes e como "queimou as Aserás". Queimou o altar, rompeu as pedras, as reduziu à pó, e queimou o cipó sagrado). Existem muitas referências veladas dos profetas às práticas nos templos cananeus, e também a interpretação de sonhos.

O profeta Elias assinala que "a profecia extática israelita têm suas raízes profundas na religião cananéia", as sacerdotisas e sacerdotes cananeus eram iniciados nas artes xamânicas.

As sacerdotisas e sacerdotes de Aserá e Baal eram chamados profetas, porém a prática de sua vocação vinha sendo cada vez mais amenizada. Finalmente foi suprimida pelos profetas hebreus como intérpretes da palavra divina.

Aserá era o pão da vida original. As mulheres hebréias e cananitas amassavam os pães com sua figura e eram benditos e comidos ritualmente.Esse pão é o precursor da hóstia da comunhão. Eram encontrados ídolos seus debaixo de cada árvore e era esculpida em árvores vivas ou se erigiam como postes ou pilares ao lado dos altares ao longo dos caminhos.

O culto se refinou com a Ártemis síria, da qual se faziam imagens de argila. Os antigos rituais sexuais (que atualmente são erroneamente considerados como simples cultos à prostituição)associados à adoração de Aserá, asseguravam a continuação dos padrões de descendência matrilinear, com sua sociedade afastada dos valores do dominador.

Os sacerdotes iconoclastas hebreus desarraigaram a Aserá,suplantando a cultura matriarcal com a patriarcal. Esse referência Judeu-Cristã dessa lei dos Levitas, passou ao Império Romano, e é a fonte da atual desigualdade sexual.

SOBERANIA INTERIOR

SOBERANIA INTERIOR


Sou herdeira das Deusas, Rainhas e Sacerdotisas do passado e as represento hoje aqui trazendo a magia e a força da Grande Mãe à Terra. Nos momentos difíceis da minha vida, nos momentos em que me faltar sabedoria, acredito e tenho a ajuda das minhas antepassadas. Que no momento que eu olhar o céu noturno eu saiba que tenho a mesma força das mulheres e homens que reinaram antes de mim e o fizeram guiados pela Sabedoria da Grande Deusa. Que eu como sacerdotisa da Grande Mãe jamais esqueça o meu caminho e quando isto me ocorrer que sempre e sempre eu me religue ao poder da Terra Mãe e a força do Senhor da Natureza. Que eu não tenha medo de olhar o mundo como minhas antepassadas que reinavam sem medo em suas comunidades, países e reinos. Que eu seja sempre a sacerdotisa que acende a fogueira e conhece todos os caminhos do Grande Rito. Que eu seja a bruxa e a feiticeira, a senhora que conhece os segredos da terra e da magia, que eu seja a Senhora da Vida, senhora do meu próprio destino e rainha de mim mesma exercendo minha própria soberania.Que eu jamais me permita subjugar ou controlar um ser para igualmente jamais ser subjugada e controlada. Que eu sempre me lembre que todos os alimentos com que me nutro, as frutas, as ervas, as sementes e os vegetais, o leite e o pão, os animais que lavram a terra e os seres que voam provem do Útero da Mãe e como tal sejam sempre louvados e abençoados para que a colheita da minha vida, da minha alma seja sempre farta. Que não haja em mim medo da morte e da mortalha e que eu saiba que sempre e sempre ressurgirei para uma nova vida, até que eu tenha toda a sabedoria e possa me deixar levar, minha alma pelas mares do fluxo da Grande Mãe. Que eu jamais tema a mim mesma, e minha face escura de senhora das mortalhas, ceifadora, rainha do caos, amante e feiticeira pois todos as Faces são Uma e nisto esta a sabedoria. Que eu jamais tema a velhice e o tempo em que o sangue sagrado cessa de ser deitado a Terra, pois após a Jovem e a Mãe, sou a Grande Sábia, a Velha Anciã, a sacerdotisa de tempos passados e nisso se conserva toda a minha juventude e sabedoria. Por isso sou maga, sacerdotisa e feiticeira.

AS SACERDOTISAS DA DEUSA ASERÁ

AS SACERDOTISAS DA DEUSA ASERÁ


“AS PROSTITUTAS SAGRADAS”


O termo de “prostituta sagrada” é na sua acepção actual incorrecto para o contexto da época. Antes do cristianismo lhe dar essa conotação pejorativa, durante milénios o Culto da Deusa Mãe e a sexualidade da mulher era sagrada e a liberdade do seu corpo igualmente enaltecida pelo amor, como forma de dádiva e iniciação amorosa. O termo de que deriva hierodulae queria exactamente significar o contrário dessa acepção de hoje e significava Mulher sagrada, porque dedicada ao culto da Deusa e desse modo era a Iniciadora do Amor ao mais alto nível e não a meretriz dos nossos dias a que associamos a prostituta.


Conforme passo a citar:


“O termo escolhido pelos modernos tradutores, é aplicado à hierodulae, ou “mulher sagrada” do tempo da Deusa, que desempenhava um papel importante no dia a – dia do mundo clássico.

As sacerdotisas de Deusa e os seus importantes encontros iam até ao período Neolítico (7000-3.500ª.C.), tempos em que Deus era honrado e amado no feminino em todas as regiões conhecidas hoje como a Europa e o Médio Oriente.
No mundo antigo, a sexualidade era considerada sagrada, uma dádiva especial da Deusa do amor, e as sacerdotisas que oficiavam-nos templos da Deusa do amor do Médio Oriente eram consideradas sagradas pelos cidadãos dos impérios grego e romano. Conhecidas como “mulheres consagradas”, eram tidas em grande estima como invocadoras do amor, do êxtase e da fertilidade da Deusa.

Em alguns períodos da História Judaica, até faziam parte da adoração ritual no Templo de Jerusalém, se bem que alguns dos profetas de Iavé deplorassem a influência da Grande Deusa, localmente chamada de “Ashera”.”

Adoração a Asera, a Deusa da Árvore

Pecado Coletivo da IASD: Adoração a Asera, a Deusa da Árvore de Natal

Não há nada escrito especificamente sobre a árvore de natal na Bíblia, porque o início da comemoração "cristã" do nascimento de Jesus Cristo em 25 de dezembro, ocasião em que se realizava a festa do Sol Invicto, em honra ao deus Mitra, data do quarto século da era cristã. Mas através de um breve estudo bíblico, complementado por informações da História e da Arqueologia, é possível concluir que não nos convém reservar espaço para árvores de natal em nossa casa ou igreja.

Um pouco de Estória

Embora admita que o costume derive de cultos pagãos da região central da Europa, a literatura católica atribui a adoção e difusão do uso "cristianizado" da árvore de natal a Martinho Lutero e outros protestantes. Ao rejeitar em sua doutrina todo o uso de imagem, teriam eles recorrido a um outro símbolo para recordar o Natal.

Assim, a árvore que hoje recorda o nascimento de Jesus, simbolizaria uma nova Árvore da Vida, como aquela que existiu no Éden, da qual se colhe hoje o fruto da Salvação, que é presente de Deus para os homens.

Depois que o costume se espalhou pelo mundo através dos imigrantes protestantes, dizem esses historiadores que o uso da árvore de natal, como ícone cristão, teria sido finalmente adotado também pelos católicos. Desde então, na praça de São Pedro em Roma, junto ao presépio, ergue-se uma elevada árvore profusamente decorada, que é enviada como presente ao Papa, exatamente por comunidades católicas de países da Europa Central.

A História verdadeira

O culto a deuses pagãos, através de árvores que os representam ou atraem sua presença, antecede em milhares de anos ao nascimento de Cristo.

Pesquise em sua Bíblia e outras versões com uma concordância bíblica e, com certeza, você encontrará muitas referências a Asera, a Deusa Árvore ou Árvore Sagrada, no Antigo Testamento.

A palavra hebraica "asherah" é usada tanto para referir-se a Asera, deusa da fertilidade, conhecida tanto como mãe de Baal como por mulher dele, quanto para identificar uma árvore sagrada, ou poste-ídolo, que a representasse. Assim, a adoração pagã de Asera (também chamada Astarte, Astorete ou Asterote) estava ligada ao culto de árvores em bosques sagrados pelos semitas.

Já naquele tempo procurava-se justificar a idolatria relacionando-se, em textos e gravuras, o culto a Asera a um suposto retorno à Árvore da Vida. Entenda-se, porém, 'vida" nesse contexto como fertilidade, reprodução e prazer. Os troncos de árvores em que imagens dessa deusa eram esculpidas, ou suas representações em metal (foto à esquerda), preservavam parte de seus galhos para assumir a forma de "árvore da vida" nesse sentido, sexual. Observe atentamente o "galho" central na figura ao lado.

Árvore proibida

Obviamente, nem todas as representações de Asera eram tão explícitas. Mas bastava uma árvore frondosa ou mesmo um tronco com parte dos galhos para que a ligação mental surgisse. Foi por isso que Deus proibiu expressamente a presença de qualquer árvore junto ao Seu altar: "Não estabelecerás poste-ídolo, plantando qualquer árvore junto ao altar do SENHOR, teu Deus, que fizeres para ti." Deuteronômio 16:21.

É consenso entre os comentaristas bíblicos que essa recomendação divina visava a impedir toda a conformidade com os costumes idólatras dos gentios. Os israelitas estavam proibidos de se ajuntar com os pagãos para participar de seus cultos, não deveriam visitar seus bosques sagrados, nem curvar-se diante de suas imagens nos lugares altos, mas isso não é tudo. Estavam também proibidos de manter bosques ou mesmo uma única árvore próximo a um altar dedicado a Deus, para que o culto ao Deus verdadeiro fosse completamente diferenciado da adoração aos falsos deuses.

Os bosques ao redor dos lugares de culto dos pagãos serviam para ocultar os adoradores enquanto participavam das orgias e sacrifícios humanos que ali eram oferecidos. No culto ao Deus de Israel, não havia necessidade de que nada fosse feito em segredo. Não era preciso nem permitido nenhuma árvore ou tronco próximos ao altar divino. Nem havia necessidade de qualquer representação ou símbolo da divindade, porque Deus não divide Sua glória com nenhum ídolo ou objeto de culto.

Quem adorava Baal adorava também a Asera, através de seus postes-ídolos, feitos com pedaços de tronco de árvore ou árvores vivas, em que se começou a esculpir a figura de Asera, posteriormente chamada Astarte. Essas esculturas evoluíram a ponto de adquirirem formas cada vez mais humanas, mas eram posicionadas sempre junto a "árvores sagradas", como as citadas em Jeremias 17:2; 1 Reis 14:23; 2 Reis 17:10.

Apesar de todas as advertências divinas, houve culto a árvores (postes-ídolos) nos mais sagrados santuários hebreus, em Samaria (2 Reis 13:6), em Betel (2 Reis 23:15) e até no templo de Jerusalém (2 Reis 23:6). O ato que coroou a reforma promovida pelo rei Josias foi a destruição de todos esses objetos de culto pagão (2 Reis 23:4-15).

Com seios salientes e quadris largos, as figuras de Asera datadas do décimo ao nono século encontradas em Gezer, carregam também a idéia de exagerada fecundidade (esquerda). Abaixo, você vê uma representação moderna de Asera, que é também chamada de "rainha do mar" e "aquela que anda sobre as águas". Note que esse detalhe liga a inocente árvore de Natal dos templos adventistas aos rituais do candomblé brasileiro.

Porque o símbolo astrológico de Baal era o Sol, Asera é imaginada freqüentemente como a deusa da Lua, mas seu símbolo era realmente o planeta Vênus. Entre seus títulos, destacam-se "rainha do céu" (Jeremias 7:18; 44:17,19); senhora dos céus, do mar, da terra e do mundo subterrâneo; o grande princípio fêmea universal. Dizia-se que em suas mãos estavam a vida, a morte e a renovação de toda a natureza.

O nome Astarte é uma variação de Ishtar, deusa também chamada Ishtar-Astarte. Asera, também conhecida por Astarte, Astorete ou Asterote, como já dissemos, era de longe a divindade mais popular de Palestina antiga. Os principais elementos de culto dessas divindades eram rituais sexuais, fogo e sacrifícios humanos (geralmente crianças). Ofertas de produção, dinheiro e fornicação com as prostitutas cultuais eram consideradas formas de culto. Cantavam-se músicas ao som da lira, batidas de palma e castanholas, enquanto o satânico ritual acontecia.

O relato bíblico descreve parte dessa abominável forma de culto, praticada sob as "árvores sagradas" dos bosques de Asera. Veja Levítico 18:21-30 e Deuteronômio 12:30-32. E descobrimentos arqueológicos proporcionaram impressionante confirmação do registro bíblico.

O trabalho do Dr. Macalister na antiga cidade cananita de Gezer é um exemplo. Nesse local, entre os anos 1904-1909, o arqueólogo Macalister encontrou em um estrato (nível de escavação) evidências de que os artefatos localizados pertenciam ao período dos cananitas contemporâneos de Josué (cerca de 1.500 a.C.) e logo acima estava o estrato do período correspondente ao dos israelitas.

Tratava-se de um "lugar alto", que tinha sido um templo onde os cananitas praticaram a adoração a seu deus Baal e sua deusa Asera. Havia uma espécie de muro ao redor de 45 m por 36 m, sem cobertura. Dentro dessa parte murada, havia cerca de dez pilares ou colunas com 1,5 m a 3,5 m de altura, com degraus para subir, nos quais se realizavam os sacrifícios. Alguns desses pilares de pedra tinham partes que chegaram a ficar polidas pelo roças das vestes e beijos dos devotos.

Placas com representações exageradas de órgãos sexuais evidenciavam a natureza sexual de seus cultos. Escavações localizaram nesse mesmo nível um altar hebreu, com a inscrição YHWH.

Toda a extensão desse lugar alto revelou-se como um local de sacrifício de recém-nascidos, provavelmente meninos primogênitos oferecidos a Baal e Asera pelos cananitas. Macalister encontrou um grande número de vasos de tamanho grande. que continham os restos de ossos de bebês. Não poderia ser um cemitério porque locais de sepultamento eram considerados impuros e impróprios para a adoração.

Outra cerimônia religiosa era a prática diabólica a que nomeavam "sacrifício para os alicerces" e que hoje chamamos de "lançamento da pedra fundamental". Quando uma família queria construir uma nova casa, dirigia-se a esses bosques de árvores sagradas rodeados por colunas e muros para ali sacrificar um bebê recém-nascido. Após a morte do bebê, seu corpo era levado para o local da construção e misturado à massa e pedras do alicerce. Isso era feito supostamente "para dar boa sorte à família". Muitos destes sacrifícios foram encontrados em Gezer, Meguido, Jericó e outros lugares. Os profetas de Baal e Asera eram os assassinos oficiais para esses meninos inocentes.

Árvore verde

Não é sem razão, portanto, que a expressão "árvore(s) verde(s)" tem conotação negativa ao longo de todo o Antigo Testamento. Mais de dez vezes ela aparece e, na maioria delas, a Palavra de Deus condena a idolatria mascarada por "bosques" ou "árvore verde":

Deuteronômio 12:2-3 -- Totalmente destruireis todos os lugares onde as nações que possuireis serviram os seus deuses, sobre as altas montanhas, e sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore verde; e derribareis os seus altares, e quebrareis as suas estátuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar.

I Reis 14:22-23 -- E fez Judá o que era mau aos olhos do SENHOR; e o provocaram a zelo, mais do que todos os seus pais fizeram com os seus pecados que cometeram. Porque também eles edificaram altos, e estátuas, e imagens do bosque sobre todo alto outeiro e debaixo de toda árvore verde.

II Reis 17:9-12 -- Os filhos de Israel fizeram contra o SENHOR, seu Deus, o que não era reto; edificaram para si altos em todas as suas cidades, desde as atalaias dos vigias até à cidade fortificada. Levantaram para si colunas e postes-ídolos, em todos os altos outeiros e debaixo de todas as árvores frondosas. Queimaram ali incenso em todos os altos, como as nações que o SENHOR expulsara de diante deles; cometeram ações perversas para provocarem o SENHOR à ira e serviram os ídolos, dos quais o SENHOR lhes tinha dito: Não fareis estas coisas.

II Crônicas 27:1-5 -- Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar e dezesseis anos reinou em Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do SENHOR, como Davi, seu pai. Antes, andou nos caminhos dos reis de Israel e, demais disso, fez imagens fundidas a baalins. Também queimou incenso no vale do Filho de Hinom, e queimou os seus filhos, conforme as abominações dos gentios que o SENHOR tinha desterrado de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore verde. Pelo que o SENHOR, seu Deus, o entregou nas mãos do rei dos siros, os quais o feriram e levaram dele em cativeiro uma grande multidão de presos, que trouxeram a Damasco; também foi entregue nas mãos do rei de Israel, o qual o feriu com grande ferida.

II Crônicas 28:1-4 -- Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar e reinou dezesseis anos em Jerusalém; e não fez o que era reto perante o SENHOR, como Davi, seu pai. Andou nos caminhos dos reis de Israel e até fez imagens fundidas a baalins. Também queimou incenso no vale do filho de Hinom e queimou a seus próprios filhos, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR lançara de diante dos filhos de Israel. Também sacrificou e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore frondosa.

Isaías 57:3-8 -- Mas chegai-vos para aqui, vós, os filhos da agoureira, descendência da adúltera e da prostituta. ...que vos abrasais na concupiscência junto aos terebintos, debaixo de toda árvore frondosa, e sacrificais os filhos nos vales e nas fendas dos penhascos? Por entre as pedras lisas dos ribeiros está a tua parte; estas, estas te cairão em sorte; sobre elas também derramas a tua libação e lhes apresentas ofertas de manjares. Contentar-me-ia eu com estas coisas? Sobre monte alto e elevado pões o teu leito; para lá sobes para oferecer sacrifícios. Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos, puxas as cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez.

Jeremias 2:20 -- Quando eu já há muito quebrava o teu jugo e rompia as tuas algemas, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo, em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore verde te andas encurvando e corrompendo.

Jeremias 3:6 -- Disse mais o SENHOR nos dias do rei Josias: Viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo monte alto e debaixo de toda árvore verde e ali andou prostituindo-se.

Jeremias 3:13 -- Somente reconhece a tua iniqüidade, que contra o SENHOR, teu Deus, transgrediste, e estendeste os teus caminhos aos estranhos, debaixo de toda árvore verde e não deste ouvidos à minha voz, diz o SENHOR.

Jeremias 17:2 -- Seus filhos se lembram dos seus altares, e dos seus bosques, e das árvores verdes, sobre os altos outeiros.

Ezequiel 6:13 -- Então, sabereis que eu sou o SENHOR, quando estiverem os seus traspassados no meio dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em todo o outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e debaixo de todo carvalho espesso, no lugar onde ofereciam suave perfume a todos os seus ídolos.

Ezequiel 17:24 -- Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o SENHOR, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o SENHOR, o disse e o farei.

Ezequiel 20:47 -- E dize ao bosque do Sul: Ouve a palavra do SENHOR: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que acenderei em ti um fogo que em ti consumirá toda árvore verde e toda árvore seca; não se apagará a chama flamejante; antes, com ela se queimarão todos os rostos, desde o Sul até ao Norte.

Diante de tão clara recomendação bíblica, como a de Deuteronômio 16:21 -- "Não estabelecerás poste-ídolo, plantando qualquer árvore junto ao altar do SENHOR, teu Deus, que fizeres para ti" -- complementada por informações históricas e reforçada por tantas outras passagens bíblicas citadas acima, só nos resta lamentar a introdução de árvores de natal nos templos adventistas, sugerindo sua imediata retirada seguida de um pedido coletivo de perdão a Deus pela liderança responsável e toda a congregação. Como disse o profeta Isaías: "Ajoelhar-me-ia eu ao que saiu de uma árvore?" Isaías 44:19. --