quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

UM CÃO APENAS

Um cão apenas (Cecília Meireles)

Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim - plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o seu sono, levanta a cabeça e fita-me. E um triste cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas brancas do pêlo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrima que há nos olhos das pessoas muito idosas.
Com um grande esforço, acaba de levantar.-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado. Já que lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem… Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-se com a dificuldade dos enfermos graves, acomodando as patas da frente, o resto do corpo, sempre com os olhos em mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas eu não o queria vexar nem oprimir.
Gostaria de ocupar-me dele: chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que receitasse, encaminhá-lo para um tratamento… Mas tudo é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. E ele estava na minha frente, inábil, como envergonhado de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar numa espécie de súplica. Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu coração. Até o fim da vida sentirei esta humana infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste complexo mundo dos homens. Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre o caminho, como se fosse um visitante habitual, e começou a descer as escadas e as suas rampas, com as plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas, salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado esquerdo, desapareceu.
Ele ia descendo como um velhinho andrajoso, esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino. Era, no entanto, uma forma de vida. Uma criatura deste mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance, talvez tivesse fome e sede: e eu nada fiz por ele; amei-o, apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão concreta. Deixei-o partir, assim, humilhado, e tão digno, no entanto; como alguém que respeitosamente pede desculpas de ter ocupado um lugar que não era o seu.
Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da casa e a escada que descemos, e a dignidade final da solidão.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O pentecoste na rua azusa


William J. Seymour

Muitas igrejas têm orado para um Pentecoste, e o Pentecoste veio. A pergunta agora é, será que o elas aceitarão? Deus respondeu de uma forma que elas não procuraram. Ele veio de uma forma humilde, como no passado, nascido em uma manjedoura. - The Apostolic Faith, setembro de 1906

Agora só uma palavra relativa ao irmão Seymour, que é o líder do movimento debaixo de Deus. Ele é o homem mais manso que eu já encontrei. Ele caminha e conversa com Deus. O poder dele está na sua fraqueza. Ele parece manter uma dependência desamparada em Deus e é tão simples como uma pequena criança, e ao mesmo tempo ele está tão cheio de Deus que você sente o amor e o poder toda vez que você chegar perto dele. - W H Durham, The Apostolic Faith, fevereiro / marco de 1907

O avivamento da Rua Azusa, na cidade de Los Angeles - EUA, tem marcado profundamente o Cristianismo dos últimos cem anos. Hoje, dos 660 milhões de cristãos protestantes e evangélicos no mundo, 600 milhões pertençam a igrejas que foram diretamente influenciadas pelo avivamento da Rua Azusa (Pentecostais, Carismáticos, Terceira-Onda etc).1

O início do avivamento começou com o ministério do Charles Fox Parham. Em 1898 Parham abriu um ministério, incluindo uma escola Bíblica, na cidade de Topeka, Kansas. Depois de estudar o livro de Atos, os alunos da escola começaram buscar o batismo no Espírito Santo, e, no dia 1° de janeiro de 1901, uma aluna, Agnes Ozman, recebeu o batismo, com a manifestação do dom de falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos, e o próprio Parham, também receberam a experiência e falaram em línguas.2

Nesta época, as igrejas Holiness ("Santidade"), descendentes da Igreja Metodista, ensinaram que o batismo no Espírito Santo, a chamada "segunda benção", significava uma santificação, e não uma experiência de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do batismo no Espírito. A mensagem do Parham, porém, foi que o batismo no Espírito Santo deve ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em línguas.

Parham, com seu pequeno grupo de alunos e obreiros, começou pregar sobre o batismo no Espírito Santo, e também iniciou um jornal chamado "The Apostolic Faith" (A Fé Apostólica). Em Janeiro de 1906 ele abriu uma outra escola Bíblica na cidade de Houstan, Texas.

Um dos alunos esta escola foi o William Seymour. Nascido em 1870, filho de ex-escravos, Seymour estava pastoreando uma pequena igreja Holiness na cidade, e já estava orando cinco horas por dia para poder receber a plentitude do Espírito Santo na sua vida.

Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época para poder freqüentar a escola. Ele não foi autorizado ficar na sala de aula com os alunos brancos, sendo obrigado a assistir as aulas do corredor. Seymour também não pude orar nem receber oração com os outros alunos, e conseqüentemente, não recebeu o batismo no Espírito Santo na escola, mesmo concordando com a mensagem.

Uma pequena congregação Holiness da cidade de Los Angeles ouviu sobre Seymour e o chamou para ministrar na sua igreja. Mas quando ele chegou e pregou sobre o batismo no Espírito Santo e o dom de línguas, Seymour logo foi excluído daquela congregação.

Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro nem a passagem para poder voltar para Houston, Seymour foi hospedado por Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde, por Richard Asbery. Seymour ficou em oração, aumentando seu tempo diário de oração para sete horas por dia, pedindo que Deus o desse "aquilo que Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram."1

Uma reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número 214. O grupo levantou uma oferta para poder trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour que já tinha recebido o batismo no Espírito Santo, da cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou para Edward Lee, que caiu no chão e começou falar em línguas estranhas.

Naquela mesma noite, 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo caiu na reunião de oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começaram falar em línguas. Jennie Moore, que mais tarde se casou com William Seymour, começou cantar e tocar o piano, apesar de nunca tiver aprendido a tocar.

A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie ficou lotado com pessoas buscando o batismo no Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio Seymour também recebeu o batismo e o dom de línguas.

Uma testemunha das reuniões na Rua Bonnie Brae disse:

Eles gritaram durante três dias e três noites. Era Páscoa. As pessoas vieram de todos os lugares. No dia seguinte foi impossível chegar perto da casa. Quando as pessoas entraram, elas caiaram debaixo do poder de Deus; e a cidade inteira foi tocada. Eles gritaram lá até as fundações da casa cederam, mas ninguém foi ferido. Durante esses três dias havia muitas pessoas que receberam o batismo. Os doentes foram curados e os pecadores foram salvos assim que eles entraram.1

Rua Azusa, 312

Sabendo que a casa na Rua Bonnie Brae estava ficando pequena demais para as multidões, Seymour e os outros procuravam um lugar para se reunir. Eles acharam um prédio, na Rua Azusa, número 312, que tinha sido uma igreja Metodista Episcopal mas, depois de ser danificado num incêndio, foi utilizado como estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros, e construir um púlpito de duas caixas de madeira e bancos de tábuas, o primeiro culto foi realizado na Rua Azusa no dia 14 de abril de 1906.

Muitos cristãos na cidade de Los Angeles e cidades vizinhas já estavam esperando por um avivamento. Frank Bartleman e outros estiveram pregando e intercedendo por um avivamento como aquilo que Deus estava derramando sobre o país de Gales.

Num folheto escrito em novembro de 1905, Barteman escreveu:

A correnteza do avivamento está passando pela nossa porta... O espírito de avivamento está chegando, dirigido pelo sopro de Deus, o Espírito Santo. As nuvens estão se juntando rapidamente, carregadas com uma poderosa chuva, cuja precipitação demorará apenas um pouco mais.
Heróis se levantarão da poeira da obscuridade e das circunstâncias desprezadas, cujos nomes serão escritos nas páginas eternas da fama Celestial. O Espírito está pairando novamente sobre a nossa terra, como no amanhecer da criação, e o decreto de Deus saía: "Haja luz"...
Mais uma vez o vento do avivamento está soprando ao redor do mundo. Quem está disposto a pagar o preço e responder ao chamado para que, em nosso tempo, nós possamos viver dias de visitação Divina?3

O pastor da Primeira Igreja Batista, Joseph Smale, visitou o avivamento em Gales, e reuniões de avivamento continuavam para alguns meses na sua igreja, até que ele foi demitido pela liderança. Bartleman escreveu e recebeu cartas de Evan Roberts, o líder do avivamento de Gales. Mas o avivamento começou com o pequeno grupo de oração dirigido por Seymour. Depois de visitar a reunião na Rua Bonnie Brae, Bartleman escreveu:

Havia um espírito geral de humildade manifesto na reunião. Eles estavam apaixonados por Deus. Evidentemente o Senhor tinha achado a pequena companhia, ao lado de fora como sempre, através de quem Ele poderia operar. Não havia uma missão no país onde isso poderia ser feito. Todas estavam nas mãos de homens. O Espírito não pôde operar. Outros mais pretensiosos tinham falhados. Aquilo que é estimado por homem foi passado mais uma vez e o Espírito nasceu novamente num "estábulo" humilde, por fora dos estabelecimentos eclesiásticos como sempre.3

Interesse nas reuniões na Rua Azusa aumentou depois do terrível terremoto do dia 18 de abril, que destruiu a cidade vizinha de San Francisco. Duras críticas das reuniões nos jornais da cidade também ajudavam a espalhar a noticia do avivamento.

Como no avivamento de Gales, as reuniões não foram dirigidas de acordo com uma programação, mas foram compostos de orações, testemunhos e cânticos espontâneos. No jornal da missão, também chamado "The Apostolic Faith", temos a seguinte descrição dos cultos:

"As reuniões foram transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões estão vindo. As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e às vezes vão até às 2 ou 3 horas da madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caídos no poder de Deus. As pessoas estão buscando no altar três vezes por dia, e fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas com os que estão buscando. Não podemos dizer quantas pessoas têm sido salvas, e santificadas, e batizadas com o Espírito Santo, e curadas de todos os tipos de enfermidade. Muitos estão falando em novas línguas e alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Estamos buscando mais do poder de Deus."4

Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos na Rua Azusa:

O irmão Seymour normalmente se sentou atrás de duas caixas de sapato vazias, uma em cima da outra. Ele acostumava manter sua cabeça dentro da caixa de cima durante a reunião, em oração. Não havia nenhum orgulho lá. Os cultos continuavam quase sem parar. Almas sedentas poderiam ser encontradas debaixo do poder quase qualquer hora, da noite ou do dia. O lugar nunca estava fechado nem vazio. As pessoas vieram para conhecer Deus. Ele sempre estava lá. Conseqüentemente, foi uma reunião contínua. A reunião não dependeu do líder humano. Naquele velho prédio, com suas vigas baixas e chão de barro, Deus despedaçou homens e mulheres fortes, e os juntou novamente, para a Sua glória. Era um processo tremendo de revisão. O orgulho e a auto-asserção, o ego e a auto-estima, não podiam sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio sermão funerário rapidamente.
Nenhum assunto ou sermão foi anunciado de antemão, e não houve nenhum pregador especial por tal hora. Ninguém soube o que poderia acontecer, o que Deus faria. Tudo foi espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós quisemos ouvir de Deus, através de qualquer um que Ele poderia usar para falar. Nós tivemos nenhum "respeito das pessoas." O rico e educado foi igual ao pobre e ignorante, e encontrou uma morte muito mais difícil para morrer. Nós reconhecemos somente a Deus. Todos foram iguais. Nenhuma carne poderia se gloriar na presença dele. Ele não pôde usar o opiniático. Essas foram reuniões do Espírito Santo, conduzidas por Deus. Teve que começar num ambiente pobre, para manter o elemento egoísta, humano, ao lado de fora. Todos entraram juntos em humildade, aos pés dele.3

Notícias sobre as reuniões na Rua Azusa começaram a se espalhar, e multidões vierem para poder experimentar aquilo que estava acontecendo. Além daqueles que vierem dos Estados Unidos e da Canadá, missionários em outros países ouvirem sobre o avivamento e visitavam a humilde missão. A mensagem, e a experiência, "Pentecostal" foi levada para as nações. Novas missões e igrejas Pentecostais foram estabelecidas, e algumas denominações Holiness se tornaram igrejas Pentecostais. Em apenas dois anos, o movimento foi estabelecido em 50 nações e em todas as cidades nos Estados Unidos com mais de três mil habitantes.5

A influência da missão da Rua Azusa começou a diminuir à medida que outras missões e igrejas abraçaram a mensagem e a experiência do batismo do Espírito Santo. Uma visita de Charles Parham à missão, em outubro de 1906, resultou em divisão e o estabelecimento de uma missão rival. Parham não se conformava com a integração racial do movimento, e criticou as manifestações que ele viu nas reuniões.

Em setembro de 1906 a Missão da Rua Azusa lançou o jornal "The Apostolic Faith", que foi muito usado para espalhar a mensagem Pentecostal, e continuou até maio de 1908, quando a mala direta do jornal foi indevidamente transferida para a cidade de Portland, assim efetivamente isolando a missão de seus mantenedores.

O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental na criação do movimento Pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje. William H. Durham recebeu seu batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua igreja em Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA), Daniel Burg (fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Brasil).6


Pr Paul David Cull
Ministério Avivamento Já

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Apocalipse 16 - Melancolia (DVD APC 16)

apc 16 - bons tempos

DJ Alpiste - Depois Do Casamento

Apocalipse 16 - Eu te amo tanto

BONS TEMPOS APC 16

Reverendo Caio Fábio - Juizo Final

Caio Fábio - Caminhos para a Cura Divina 1/4

A Consciência do Reino de Deus - Caio Fabio I

Caio Fabio - A Verdade Que Liberta do Caminho de Caim 1/6

Não há barreiras - DJ Alpiste, Rádio Vida

Eu te amo mais que tudo

OZEIAS DE PAULA - A MELHOR COISA QUE EU JÁ FIZ

OZEIAS DE PAULA: QUEM ÉS TU?

Armando Filho - CASA DE DEUS

Armando Filho não há inuteis

Bruna Karla - Advogado Fiel (Exclusiva)

armando filho - cura-me

Armando Filho - Porque És Santo - Anos 1990

Armando Filho (SÓ DEUS SEGURA ESTE PAÍS)

Armando Filho _Por Que Ès Santo_Evangélico_Gospel

Armando Filho - EXPERIÊNCIA PESSOAL

Armando Filho - Soberano

Armando Filho - Graças

AJUDA-ME. ARMANDO FILHO

Armando Filho - Outra Vez

Rompendo em Fé

Nenhuma Condenção Armando Filho

Adoração & Adoradores - Tudo Que Sou

Chuva de Santidade - Ministério Hebrom Fortaleza de Adoração - CD Intimi...

A história de um homem que não tinha tempo.

Antes Que Termine o Dia

Não espere...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

INTERLÚDIO

Interlúdio

As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.

Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.

Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.

Fico ao teu lado.

Autora: Cecília meirelis

DEUS E O MUNDO CRIADO

Deus e o mundo criado

A ação criadora

O dogma da criação é fundamental para que se tenha consciência da dependência dos seres criados diante de Deus, do qual são reflexos.

A criação é obra pela qual Deus produz tudo do nada. É um ato que continua enquanto dura a criatura. Não se refere somente à primeira coisa criada, mas também àquelas que vêm a partir da primeira. A criação pode ser entendida pela filosofia, mas os filósofos não cristãos refletindo sobre ela caem no dualismo, no emanatismo ou no materialismo.

Porém, o pensamento mais crítico para o filósofo seria a criação “ex nihilo”, a partir do nada. A partir das coisas criadas, chega-se à conclusão de que existe um Criador. Esse pensamento contradiz o marxismo que fala do mundo “incriado”.

Pela filosofia poder-se-ia admitir que o mundo sempre tivesse existido, mas os estudos científicos por sua vez, indicam que o mundo teve um princípio temporal, o que está de acordo com a Revelação, que ensina a temporalidade do mundo.

Em determinado momento, segundo o dogma da criação, Deus criou tudo o que existe numa relação de dependência para com ele, muito embora a criatura tenha autonomia.

A ação criadora nos textos bíblicos

Muitos textos bíblicos falam sobre o dogma da criação, mas os principais são os primeiros capítulos do Gênesis. Seu objetivo não é explicar a criação do mundo sob o ponto de vista da ciência, mas sim mostrar que Deus é único e é o criador do mundo. O livro do Gênesis trata do tema da criação de uma maneira mais espiritual, apresentando Deus como criador e organizador dessa matéria caótica desorganizada. A matéria vai se organizando de acordo com a Palavra de Deus. Tal organização pela palavra expressa a predileção de Deus ao homem.

Nos escritos proféticos o tema da criação sobressai em Isaías. Apresenta a criação como obra de Deus e relaciona-a com a História da Salvação. O mesmo Deus que criou o mundo, conduz o seu povo através da história em busca da salvação.

Os salmos apresentam a mesma idéia da soberania e majestade divina na criação.

Enfim, na literatura sapiencial aparece a idéia da criação a partir do nada, mostrando a soberania e a vontade de Deus, tanto na criação, quanto na preservação de sua criação.

No Novo Testamento, o tema da criação é abordado dentro da perspectiva de uma renovação. Nos Evangelhos Sinóticos é apresentada uma relação entre a criação, efeito da vontade de Deus, e a vontade divina para o modo de agir dos homens, bem como a ligação entre a criação e o Reino, que para todos está preparado. O Evangelho de João fala expressamente da criação e da participação de Jesus nela. Para São Paulo, o homem na graça vive uma nova criação. Deus não deixa de relacionar-se com suas criaturas, fruto de sua criação.

A Criação e a Trindade

Ainda segundo o dogma da criação, no princípio Deus criou o céu e a terra, e esse ato é obra inseparável de toda a Santíssima Trindade. Na plenitude do tempo, Deus realizou a obra da Redenção do mundo pela Encarnação e morte de seu Filho único. Ora, tudo o que fez Nosso Senhor, como Deus, nessa grande obra, foi realizado por toda a Santíssima Trindade. E Deus também não cessa de santificar as almas; esta obra de santificação é tão grande que toda a Santíssima Trindade dela participa.

Na criação, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são agentes que produzem um mesmo efeito. O ser criado é reflexo daquele que o criou. Com a razão é difícil de compreender essa situação, porém, a revelação faz compreender. A Sagrada Escritura oferece fundamentos para se compreender esse tema.

O motivo e o fim da criação

A obra da criação de Deus têm uma finalidade: a glória do Criador. Mas essa finalidade não exclui o homem, pois Deus não é egoísta, já que criou num ato de amor.

As criaturas são reflexos do Criador e nisso consiste sua felicidade.

Mas entre as criaturas, aquela que mais revela a Deus é o homem, pois a glória de Deus visa levar o próprio homem à visão celeste, através de sua santificação.

Breve histórico da reflexão cristã sobre a criação

A criação “ex nihilo” sempre esteve presente na consciência cristã como verdade fundamental. As primeiras citações do “Criador” se referiam a Deus. Depois se acrescentou o nome do “Pai”, que parece ser designativo da “Divindade”.

Houve controvérsias em relação ao papel do Verbo de Deus na criação, mas o Concílio de Nicéia, em 325, resolveu a questão distinguindo a “criação do mundo” e a “geração” eterna do Filho: o Filho não foi criado pelo Pai, mas sim, gerado.

Também houve diversas controvérsias entre filósofos estóicos, gnósticos, etc., e autores cristãos que sempre defenderam a doutrina da Igreja sobre a criação.

Autores da Reforma Protestante caíram no erro de dizer que o mundo não revela Deus, pois que o mundo estava corrompido pelo pecado. Motivada por tantos erros doutrinários sobre a criação, a Igreja sempre se preocupou em corrigir as idéias que não estivessem de acordo com a Sagrada Escritura e a Tradição.

A Providência

O Senhor, próximo de nós

No Antigo Testamento não existe um termo definido para expressar a “providência”, mas a idéia já é desenvolvida, e o povo de Israel percebe essa “providência especial” que se manifesta na Aliança. Deus cuida de todas as suas criaturas não fazendo distinção entre elas. Em Deus o homem encontra socorro e refúgio nos momentos de tribulação. Mas, apesar da providência, o homem se depara, às vezes, com o “silêncio” de Deus, principalmente quando sofre, mas isso não tira a capacidade que o homem tem de confiar em Deus.

Contraposto a esse “silêncio” divino, a Bíblia apresenta o recurso da oração, que parece fazer com que a Providência ao pedido daquele que ora. A Providência Divina é paternal. Deste modo percebe-se que a Providência Divina tem um fim escatológico particular e universal: diz respeito a cada indivíduo e a toda a humanidade, mesmo que alguns, mediante a liberdade que possuem, resistam a esse amparo oferecido por Deus.

Conceituação de Providência. O Governo divino

A “Providência” é o desígnio de divino que, com sabedoria e liberdade, conduz os seres criados, no hoje da criatura.

Deste modo, a Providência é certa e infalível e cabe a ela o governo e a conservação do mundo.

Neste governo, Deus se utiliza da cooperação das criaturas. Umas contribuem com as outras. As criaturas são cooperadoras de Deus e cooperadoras entre si.

O Concurso Divino

Desde que começou a meditar sobre a Providência, o homem se pergunta como conciliá-la com a liberdade das criaturas, pois a Providência lhes tiraria a liberdade.

Chegou-se à conclusão de que Deus está na raiz do ser e do agir das criaturas. Deus dá e conserva o seu agir. E mais, as criaturas só conseguem agir porque são dependentes de Deus e como tais, são instrumentos nas mãos do Criador. Tudo o que a criatura faz é mais obra de Deus do que dela própria.

A Providência e o Mal

Esta é outra questão que surge ao homem: como aliar a verdade da Providência com a existência do mal?

Antes de tudo se deve distinguir duas categorias do mal: o sofrimento que é contra a vontade do homem, ou seja, a dor, a miséria, a aflição, etc.; e a maldade, que é própria do homem, pois parte de sua vontade, que são o crime, o pecado, etc...

As religiões têm concepções diversas sobre o tema, chegando algumas delas a atribuírem o mal à providência e a seus deuses.

Outras atribuem, num dualismo latente, o mal a um princípio mal, e o bem a um princípio bom, numa concepção maniqueísta platônica.

O pensamento filosófico moderno, de fundo ateísta, considera o sofrimento um mal necessário, já que o homem é apenas uma peça na engrenagem que faz o mundo funcionar. Tudo pode ser resolvido pela técnica e pelo progresso.

O cristianismo tem outra compreensão do problema do mal, tendo em vista dois pensamentos básicos: primeiro, que o sofrimento não é uma ilusão. É passageiro, mas existe. É fruto do pecado do homem; segundo, que a morte entra no mundo por causa do pecado do homem.

E não há nada de mal que aconteça no mundo que não passe pelo crivo da Providência. Conseqüentemente, o mal não é eterno, mas sempre esteve sob o controle de Deus.

Isto não significa que Deus seja o autor do mal, pois o mal é a ausência de um bem devido.

Surge, então, a questão de como e porque o mal existe. A resposta é que Deus criou o mundo em estado de “caminhada”, para atingir a perfeição última e, enquanto não atingi-la, o mal permanecerá, já que Deus criou tudo bom, mas o desvio das criaturas produz o mal.

Resumindo: Deus é o Senhor do mundo e da história, mas os caminhos de sua Providência muitas vezes nos são desconhecidos. Somente quando estivermos “face a face” com ele, teremos pleno conhecimento dos caminhos pelos quais terá conduzido sua criação até a glória definitiva.

Providência sobrenatural

Todos os seres criados, de maneira especial os homens e os anjos, estão sob o regime da providência sobrenatural.

Sob essa Providência, Deus tem um desígnio a nosso respeito: oferece-nos a salvação através da mediação de Cristo.

A Utilização do termo “sobrenatural” não exclui o que é “natural” ao ser humano. Porém, não se pode relativizar e achar que o homem vai encontrar a felicidade no plano meramente natural, pois Deus propôs à humanidade uma vocação sobrenatural, desaparecendo assim, todo lugar para um fim último natural. As duas dimensões integram a existência humana de forma intrínseca.

A História da Salvação

Deus se associa na nossa história no plano pessoal, e nos dá a graça através da fé. Mas também se associa no plano social e universal da história, através de suas obras.

É o que costuma se chamar de História da Salvação. Mas nem por isso o homem está livre das tribulações cotidianas.

Porém, Deus dá a todos a graça para que, perseverantes na prática do bem, procurem a salvação.

Deus revela seu plano de salvação e vem até o meio de seu povo. Entra na história de suas criaturas, tornando-se muito próximo do homem, comunicando-se por ações e por sua Palavra, pois a Revelação vem associada a acontecimentos, de modo que esses eventos ilustram e fundamentam as palavras e as palavras decifram esses eventos.

Os sinais de Deus

Na História da Salvação, Deus se faz presente por sinais, sendo Jesus o sinal máximo entre todos os outros, pois é a imagem visível do Deus invisível.

Existem outros sinais: os milagres de Cristo e diversos outros que aconteceram ao longo da História da Salvação. Os milagres apontam para Deus, seu autor e estão a serviço da manifestação divina.

Os milagres ultrapassam a possibilidade das forças naturais e são absolutos, não podendo ser explicados pela ciência.

Nos milagres deve-se observar mais o poder e a intervenção divina do que o fato em si, percebendo neles a extraordinária bondade de Deus.

A criação do mundo invisível

O texto bíblico que melhor apresenta o tema da criação é o primeiro capítulo do Gênesis, que contém o Hexaémeron e o “descanso” de Deus. Esse relato é dividido em três partes: a “criação”, a “distinção” e a “ornamentação”.

No passado acreditava-se que era um relato histórico; depois pensou-se que fosse uma história e hoje fala-se de um relato teológico. Ele transmite uma mensagem religiosa e espiritual, sem intenção de fornecer dados científicos.

O que o relato quer mostrar é que o mundo e suas criaturas foram criados por Deus. Porém, a evolução da matéria pode ser admitida. Deus teria criado a matéria inicial caótica e dado as leis da natureza para que fosse se desenvolvendo, como se houvesse uma “dupla criação”: uma criada definitivamente e outra que estaria se desenvolvendo e evoluindo ainda hoje.

Assim, o cristão pode admitir o evolucionismo, a partir, porém, do criacionismo.

As criaturas invisíveis, ou anjos

Alusões no Antigo Testamento

A Revelação fala, inúmeras vezes, de seres espirituais superiores aos homens: os anjos. Os anjos não são figuras lendárias ou metafóricas. Fazem parte do patrimônio das verdades reveladas pelo Magistério da Igreja. No Antigo Testamento aparecem como criaturas a serviço de Deus, sendo em muitos textos, a aparição do próprio Deus. Em alguns textos se encontram citações dos nomes de alguns deles em relação com a missão que lhes foi confiada. Um desses anjos se torna mau e é identificado como “diabo” que significa adversário, e está sempre procurando fazer mal ao homem.

A literatura judaica considera os anjos como “filhos de Deus”, mas capazes de escolher entre Deus e o pecado.

No Novo Testamento

No Novo Testamento os anjos aparecem sob uma nova óptica. Estão relacionados com Cristo e a sua disposição protegendo a Igreja nascente e os Apóstolos. São enviados a serviço dos homens que buscam a salvação. No Novo Testamento aparece também a figura de Satã, que, com sua legião, se opõe a Deus. A exemplo do Antigo Testamento, precisa de permissão de Deus para tentar ao homem.

Os anjos na tradição cristã

A doutrina sobre os anjos sofreu interpretações erradas nos primeiros séculos. Então os Doutores cristãos elaboraram uma doutrina sistemática sobre os anjos, a fim de corrigir os erros.

O Magistério Eclesiástico definiu: são criaturas de Deus, feitas no início do tempo e não desde a eternidade. Foram criadas boas, mas por livre e espontânea vontade, algumas se tornaram más.

A Escritura diz que os anjos são espíritos, mas não estão em toda parte e nem em dois lugares ao mesmo tempo. Seu conhecimento é intuitivo e quando tomam uma decisão, não voltam atrás. Quanto a decisão de anjos optarem pelo mal, não podem voltar atrás, sendo que já estariam condenados junto com o príncipe deste mundo, pois para um anjo acima de tudo está sua decisão, o que pode condena-lo ou torna-lo sempre puro, essa uma vez tomada o faz um anjo do bem ou do mal(demônio).

Os anjos bons têm como missão adorar a Deus e ajudar os seres inferiores, os homens, a chegar à salvação, papel que cabe, principalmente, aos anjos da guarda.

Já os anjos maus tentam o homem, a fim de lhes tirar do caminho certo, muito embora o ser humano possa resistir às suas investidas, buscando força em Jesus Cristo que veio destruir as obras do maligno.

O Homem

Sua dignidade nativa

A Revelação diz que o homem é uma criatura feita no tempo, que não teve existência espiritual antes da corpórea. Os textos bíblicos não pretendem apresentar dados científicos, mas mostrar o relacionamento de Deus com os homens, sua superioridade em relação à natureza, etc. O homem é apresentado como imagem e semelhança de Deus, sendo Jesus imagem verdadeira do Pai, e nós, seu reflexo. O homem é “imagem de Deus”, porque foi criado com a capacidade de conhecer e amar seu Criador.

A estrutura do ser humano

O homem é um organismo psicofísico de corpo e alma, em perfeita unidade e complementaridade.

Alma e corpo se apresentam como duas substâncias independentes, porém, formando uma unidade. A alma é imortal ao passo que o corpo é corruptível, embora destinado à ressurreição. Entre corpo e alma existe uma dualidade perfeita, ao contrário do dualismo maniqueísta que coloca o corpo como cárcere da alma.

A visão perfeita da estrutura do ser humano nos apresenta são Tomás de Aquino. Ele diz que a alma é a forma do corpo, podendo subsistir sem a matéria corporal, pois mantém sua operação intelectiva aprendida mediante a operação sensorial.

Sobre a espiritualidade e imortalidade da alma

Os documentos do Magistério da Igreja afirmam que a alma é espiritual, fazendo da espiritualidade a fundamentação racional para a afirmação da imortalidade. Se a alma é espiritual, não pode ser corrompida, pois sendo espírito dotado de existência própria e independente da matéria, não se extingue com a corrupção do corpo. A Revelação não apresente profundamente o caráter natural ou sobrenatural da imortalidade da alma, pois a Escritura considera toda a vida do ser em relação à Deus.

O Homem e a Mulher

Segundo o dogma da criação, Deus criou o homem e a mulher à sua “imagem e semelhança”, com aptidão para a vida na graça e deu-lhes a missão de perpetuar a espécie, através de sua sexualidade, embasados no amor, que ultrapassa o plano carnal e exprime uma vinculação e complementação profunda dos dois.

Homem e mulher são seres idênticos e complementares: idênticos quanto à natureza, e complementares quanto às particularidades físicas e psicológicas. Realizam-se humanamente e santificam-se mutuamente dentro da Lei Moral.

Têm igual dignidade, embora no Antigo Testamento a mulher tenha sua participação limitada na sociedade. Porém, no Novo Testamento, essa situação muda, principalmente por causa da participação de Maria.

Dentro dessa igualdade, a sexualidade humana é orientada para o matrimônio monogâmico indissolúvel, destinado à complementação mútua e à procriação da espécie, sendo no Novo Testamento elevado, por Cristo, à categoria de Sacramento.

Transformismo, poligenismo, monogenismo

O Magistério da Igreja não nega o evolucionismo ou transformismo. Admite-o, desde que a partir de um criacionismo. A Sagrada Escritura acena essa possibilidade quando diz que Deus modelou o homem a partir do barro. O que se deve levar em consideração é que Deus é o Criador imediato da alma espiritual e imortal em cada homem.

A criação do homem é diferente dos outros seres porque ele é portador da “imagem de Deus”, enquanto os demais seres se reproduzem sozinhos, de maneira natural, o homem necessita que Deus crie sua alma e infunda-a em seu corpo, fato que acredita-se acontecer no momento da concepção, já que a vida do ser humano se inicia neste momento, conforme a própria ciência demonstra.

Propõe-se também a hipótese do poligenismo, que seria o aparecimento de diversos casais de um mesmo tronco originários. Esse sistema é contrário à doutrina do pecado original universal e contrário à unidade da História da Salvação. Mas também não é totalmente descartável, e pode, pelos menos, ser aceitável, levando-se em consideração o nome de Adão, “homem”, como gênero humano.

O monogenismo, um só casal de um mesmo tronco originário, parece ser o mais provável, e está em conformidade com a Sagrada Escritura. Essa hipótese não contraria o evolucionismo e nem o criacionismo.

A Justiça Original

O homem perdeu a justiça original quando cometeu o pecado original. Para reconquistar esse estado foi necessária a redenção oferecida gratuitamente por Deus. Embora o homem recupere esse estado original no Batismo, as conseqüências do pecado original continuam a existir.

A Queda

A doutrina do pecado original é muito importante para a fé. Deve-se distinguir entre o pecado das origens e o estado de pecado que nasce cada ser humano. A humanidade vive mergulhada num caos tão grande, que deve ter havido algum acontecimento que o tenha causado, mesmo que alguns escritores digam que o relato do pecado original seja apenas simbólico. De qualquer modo, o relato não foi inventado. Foi apresentado como “o tipo” do pecado humano, onde teria o homem começado utilizar a liberdade para se tornar autônomo a Deus.

Deste modo, com o pecado de um, todos pecaram. E a participação dos descendentes no pecado de Adão se dá pela “solidariedade” universal dos homens com o responsável pela instalação do mal no mundo: o próprio homem.

QUE É O HOMEM?

Que é o Homem?

1. INTRODUÇÃO

O que significa a palavra homem? Há diferença entre homem e pessoa? Deve-se preferir o termo ser humano ao termo homem? O que a antropologia cristã tem a dizer acerca do ser humano? Qual a missão do homem inteligente sobre a terra? Com estas perguntas, introduzimos o tema em questão.

2. CONCEITO

Homem – do latim homine significa qualquer indivíduo pertencente à espécie animal que apresenta maior grau de complexidade na escala evolutiva. (Aurélio)

Antropologia física. Vertebrado, pertencente à classe dos Mamíferos, subclasse dos Placentários, ordem dos Primatas, família dos Hominídeos, gênero Homo, que se encontra representado na atualidade por uma única espécie, o Homo Sapiens Lin, com vários grupos, raças, sub-raças e tipos ou fácies locais. Também se define como o único animal mamífero de posição normal ou vertical, capaz de linguagem articulada, constituindo entidade moral e social. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura)

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os filósofos pré-socráticos tinham como objetivo a busca do princípio único, o arché de todas as coisas. As suas especulações voltavam-se para o Universo e o Cosmo. Posteriormente surgiu Sócrates, que passou a inquirir sobre o próprio homem, no sentido de compreender o seu íntimo e o móvel de suas ações. O conhece-te a ti mesmo ou a autoconsciência do homem é o seu método de estudo. Depois disso, os filósofos nunca mais pararam de questionar sobre o homem e sua função na sociedade. A filosofia, doravante tornou-se antropocêntrica, ou seja, colocou o homem no seu centro de discussão.

Pode-se dizer que a filosofia é uma forma de compreensão da vida e do mundo. Podemos especular sobre o mundo, sobre o ser, sobre a verdade e sobre a justiça; podemos perscrutar e elaborar análises sobre os mais variados temas; podemos tentar apreender o que é o bem e o que é mal. Contudo, no fundo de tudo isto está o homem. Devíamos, assim, pedir à filosofia que nos ajude a compreender o mundo humano, apontando-nos os caminhos que possam nos afastar do mal. Diante desta colocação filosófica, pergunta-se: Que é o homem? Qual sua função? Qual sua natureza? E seu destino?

4. TIPOS DE HOMENS

Há, sobre o homem, muitas denominações, as quais tentamos sintetizar abaixo:

4.1. QUANTO AO ASPECTO FÍSICO

Alto e baixo, feio e bonito, elegante e deselegante, gordo e magro.

4.2. QUANTO AO ASPECTO ÉTICO-MORAL

Humilde e orgulhoso, caridoso e egoísta, justo e injusto, virtuoso e viciado, bom e mau.

4.3. QUANTO AO ASPECTO FILOSÓFICO

Homem econômico (Marx), Homem instintivo (Freud), Homem angustiado (Kierkegaard), Homem existente (Heidegger), Homem utópico (Bloch), Homem falível (Ricouer), Homem hermenêutico (Gadamer), Homem problemático (Marcel).

5. ANTROPOLOGIA CRISTÃ

5.1. IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

Do livro Gênesis, do Antigo Testamento, extraímos: 1) "E formou o Senhor Deus o homem do barro da terra, e inspirou no seu rosto o sopro da vida; e o homem tornou-se alma vivente"; 2) "Deus criou o homem à sua imagem e conforme a sua semelhança". O princípio da antropologia cristã fundamenta-se nessas duas sentenças. O que isso quer dizer? Que todos nós fomos formados de matéria e de Espírito, que todos nós devemos refletir a imagem de Deus, fazer a Sua vontade e seguir as Suas Leis. Por isso, o homem não é homem senão superando-se a si mesmo e conduzindo-se Àquele que o criou. Segue-se que o homem é uma unidade, que não se destruirá, porque há nele a semente divina.

5.2. SANTO AGOSTINHO E SÃO TOMÁS DE AQUINO

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino são os dois grandes expoentes da Filosofia Cristã da Idade Média e muito contribuíram para a compreensão do ser humano diante da vida eterna.

Santo Agostinho, em Cidade de Deus, diz: "Constitui uma grande coisa o homem porque Deus o fez à sua imagem, mas o homem permanece em si mesmo um mistério".

São Tomás de Aquino adverte que a Boa Nova não é salvação apenas para a alma, mas de todo o homem, porque nele há o mistério e o sagrado. O mistério, porque o homem é ao mesmo tempo material e espiritual; sagrado, porque a existência não o atinge senão por sua alma. (Trocquer, 1960)

5.3. CORPO, ESPÍRITO

O homem está no mundo, mas não é do mundo. Há a sua corporeidade, mas também a sua espiritualidade, que o faz transcender o mundo da matéria. Além de ser cultural, social, familial, o homem é único e uno. O ser-único pode ser vislumbrado na impressão digital, no tom de voz, no estilo literário etc. Não há outro igual. O ser-uno diz respeito à sua constituição física e espiritual. Ele é um corpo que tem um espírito, de modo que ele não é só corpo nem só espírito, mas a junção dos dois.

6. O SER HUMANO E A SOCIEDADE

6.1. ANIMAL RACIONAL

Em filosofia, define-se o homem como um "animal racional". Não se afirma que o homem é racional da mesma maneira que um quadrado tem quatro lados. A racionalidade é característica de seus pensamentos, de seus atos e de todos os seus modos de atuar. Esta racionalidade é que dá força ao livre-arbítrio, no sentido de ele agir como lhe convier e responder por seus atos. Por essa racionalidade o homem se realiza e, realizando-se, escolhe o sentido de sua vida e de suas ações, escolhe ser o que é: pessoa em evolução num planeta de provas e expiações.

A liberdade da alma racional freqüentemente coloca o homem diante de um dilema: "Se Deus existe, o homem pode ser livre; mas se o homem é livre, Deus não pode existir". Como resolvê-lo?

6.2. ANIMAL POLÍTICO

O instinto de sociabilidade, inato no ser humano, leva-o a participar da sociedade. Aristóteles, no século IV a.C., dizia que "o homem é naturalmente um animal político". Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino o mais expressivo seguidor de Aristóteles, afirma que "o homem é por natureza, animal social e político, vivendo em multidão".

6.3. MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE

À medida que o homem exercita sua inteligência, ela amplia-se. Do simples chegamos ao complexo; do conhecido ao desconhecido. Porém, surgem, também, os desmandos intelectuais, ou seja, o homem começa a se colocar acima do Criador, enveredando-se pela trilha do orgulho.

Nesse mister, o ser humano jamais deveria orgulhar-se da sua inteligência. Se Deus, na sua infinita bondade, concedeu-nos a oportunidade de renascermos num meio em que possamos desenvolver a nossa inteligência, é para que a utilizemos em nosso benefício e dos nossos semelhantes. A inteligência desenvolvida é um talento com finalidade útil nas mãos das criaturas, para que estas ajudem àqueles que têm uma inteligência menos desenvolvida, objetivando fazer com que se aproximem, cada vez mais, do Criador.

NASCIDOS ESCRAVOS

Resenha

Lutero,martim. Nascidos escravo.editora fiel. 2ª ed.

Lutero nesta obra vai mostrar que o homem não tem vontade própria,que é escravo desde o seu nascimento, a doutrina do” livre-arbitrio” é falsa e contraria aos ensinamentos bíblicos, e que Erasmos e jerônimo estão errados em ensinar sobre o “livre-arbitrio” ,para confirmar isso Lutero usa dezenove argumentos para combater esses ensinos.

Nos cincos primeiros argumentos Lutero mostra a Erasmos que aculpa universal, o domínio universal do pecado, não pode obter aceitação diante de Deus atravez da observância da lei moral e cerimonial, a lei tem o propósito de conduzir os homens a Cristo dando-lhes o conhecimento do pecado e a doutrina da salvação pela fé em Cristo junto com os outros argumentos vão provar que o “livre-arbitrio” é falso.

Ele afirma também que, se todos os homens possuem “livre-arbítrio”, ao mesmo tempo que todos, sem qualquer exceção, estão debaixo da ira de Deus segue-se daí que o “livre-arbítrio” os estar conduzindo a uma única direção a da impiedade e iniqüidade, portanto, vemos que a doutrina da salvação pela fé é completamente contraria a qualquer idéia de “livre-arbítrio”.

Para Lutero,ninguém tem capacidade de voltar-se para Deus por sua própria vontade, por isso Deus toma iniciativa e revelar-se a eles,pois estes, estão escravizados e não tem vontade própria,de uma vez que vivem no domínio do pecado, assim, torna-se evidente que no homem não há poder que o capacite a praticar o bem.

No primeiro argumento, Lutero comenta “se existe realmente o “livre-arbitrio”,ele não parece capaz de ajudar os homens a atingirem a salvação”, mas, não vejo o “livre-arbitrio” como um meio de ajuda para levar o homem a salvação, mas sim, uma opção de escolha, porque, se o homem não tivesse opção de escolha, se deduz que ele seria salvo independente de sua vontade, e porque então, Cristo mostra os dois caminhos(Mt.7.13,14) isso não seria opção de escolha?.

Será que o “livre-arbítrio” é entendido como “ uma capacidade própria “ para salva-se, se foi neste sentido que Erasmos enterpretou, descordo plenamente, porque o “livre-arbitrio” não é para corregir a situação do homem com Deus, mas, uma opção de escolha e uma escolha condicional.

Lutero no quinto argumento diz “o “livre-arbitrio” só poderia ser uma realidade se o homem pudesse ser salvo mediante a observância da lei”, mas, como pode ser isso? Se ele mesmo diz que o propósito da lei é mostrar no que consiste o pecado, pois, só Cristo tem poder para salvar.

O cerne da questão é , o homem tem ou não liberdade?

Na minha concepção , tem, a qual denomino “liberdade condicional”, pois, está condicionada a soberania Divina.

Ermeson Cavalcante .

FINANÇAS

Tema: finanças

Texto:Ec.6.12

Titulo: tentar encontrar o significado da vida nos bens não tem sentido.

1. Ec.7.12-14

A)o dinheiro pode trazer a morte

b)A proteção do dinheiro é enganosa

c)temos que saber usar as finanças na prosperidade e na adversidade.

2. Ec.5.10,11

a)O amor ao dinheiro é insaciável.

b)Quanto maior a renda,as despeças também.

3. Tres perguntas...

a)porque em Ec.5.19,Deus dar poder para um homem comer e usufruir de tudo?

b) porque em Ec.6.2,Deus não concede que este homem coma e sim o estranho?

c)qual a diferença entre estes dois homens..?

d)A resposta pode estar no Cap.7,29

Conclusao

Todo dinheiro deve ser usado com sabedoria,pois,quando utilizado com ganância e cobiça só trará a morte,mas,colocando como objetivo a direção de Deus nas finanças,então ele será uma bênção.

O QUE É A VERDADEIRA RELIGIÃO ?

Resenha

Storniolo,ivo.O livro de jó,o desafio da verdadeira religião.São Paulo:Paulinas.1992,5ª ed.2008.

Síntese da obra

Um livro fascinante e desconcertante,é assim que o autor nos apresenta o livro de jó,fascinante porque tem uma fisionomia particular e desconcertante por apresentar coisas pertubadoras,como,levar a questionar “o que é a verdadeira religião”

Uma pergunta que Ivo nos faz remoer no livro todo sobre esse ponto,fazendo que nós revise o que chamamos de religião.

Um problema antigo e universal:O justo que é provado e sofre,apesar de ser inocente,é um tema comum tanto no oriente como no ocidente,o autor vai mostrar que ¾ da humanidade sofre deste problema universal,no Egito,na Mesopotâmia e em outros lugares do oriente médio foi encontrado relatos como a “síndrome de Jó”.

O livro tem uma fisionomia complexa,textos em prosas que moldura o resto do livro,é provável que o conto seja muito antigo ou se baseia numa lenda antiga,segundo alguns historiadores.

A estrutura do livro é a seguinte:

  • Prólogo:1 cap.
  • Primeiro ato:Jó e os três amigos(3-11),2 cap.
  • Segundo ato:Jó e os três amigos(12-20),3 cap.
  • Terceiro ato:Jó e os três amigos(21-27).4 cap.
  • Interlódio: a sabedoria(23),5 cap.
  • Monologo: de Jó (29-31),6 cp.
  • Monologo: de Eliú(32-37),7 cp.
  • Quarto ato;javé e jó(38,1-42.6) 8 cap.
  • Epílogo;(42-7-17), 9 cap.

Capitulo 1

1.1-Existe religião gratuita?

Jó é integro, reto,bem adaptado ao meio social,praticando a justiça e a honestidade,de onde viriam essa perfeição pessoal e social?do fato de temer a Deus?

Conforme a visão teológica da época o premio para a justiça é a prosperidade,então,Jó era recompensado por isso?O satã,porem levanta uma duvida:”é a troco de nada que Jó é tão religioso?”se os seus bens forem atigidos,será que ele continua reto e temente a Deus?Ou a sua religião é motivada por puro interesse,uma fidelidade em troca de prosperidade?

Será que o pobre é capaz de fidelidade gratuita,independente de qualquer recompensa material?

Será que toda gente é capaz de uma religião gratuita?

Jó,no cap.1,21.mostra que o pobre aceita plenamente a condição em que vive,pois ,tudo que ele tem vem de Deus.

Chega-se assim a conclusão que,mesmo ele ficando empobrecido e enfraquecido,continua fiel a Deus e mostrou que é capaz de religião gratuita sem recompensa.

Capitulo 2

Primeiro ato

2.1-Estou cansado da minha vida

Começa um longo debate entre Jó e seus amigos,o foco da atenção é á luz da teologia da época,centralizado no dogma da retribuição,buscando compreender os motivos de tudo que aconteceu com Jó.

Não é o que sempre acontece com o pobre e doente?pensamos logo que eles são responsáveis pela a própria situação.

Elifaz anuncia rapidamente o dogma da retribuição,segundo o qual Deus recompesa o justo e castiga o injusto.

Percebemos logo quão implacável é o dogma da retribuição,para os que estão bem,ele é interessante e tranqüilizador,para os que estão em desgraça não tem escapatória.

De acordo com este dogma,os empobrecidos e enfraquecidos seriam os únicos culpados por sua própria desgraça,mas,o que estar em jogo afinal é a inocência destes empobrecidos.

Na visão de baldad,o principio explica os fatos:Deus estar castigando jó pelos cremes dos seus filhos,ele morrem,mas,Jó foi agraciado com o tempo para se arrepender e reaver tudo o que possuía,o conselho é a praticar uma religião interesseira.

Esse argumento se alicerça na tradição dos antepassados e na observação experimental dos antepassados,mas,será que a justiça de Deus implica necessariamente uma injustiça do homem?será que o pobre é sempre culpado pelos supostos creme de sua prole?

A quem beneficia esse Deus?

Quem estaria ganhando com a concepção de um Deus que fecha o dialogo e tem o prazer de esmagar ¾ da humanidade,vemos aqui,três desafios:1)ou o inocente não é inocente,2)ou os filhos dele são errados,3)ou ele próprio esconde um grande creme.

Neguem questiona de onde vem a injustiça,se tudo vem de Deus,Deus seria injusto castigando o inocente,mas,seria Deus mesmo?

A injustiça vem de outros que,de bom grado atribuiriam o seu ato a Deus,como não poderiam incriminar a Deus,incriminam então o próprio inocente,parece loucura pensar nisso tudo,mas,talvez seja o caminho.

Capitulo 3

Segundo ato

3.1-“Terra,não cubra o meu sangue”

Jó não só desmascara e acusa os seus interlocutores,mas também expõe esperança paradoxas para a época,a doutrina tradicional do dogma da retribuição que nada tem a oferecer,enquanto isso Jó ultrapassa a lógica religiosa do seu tempo e convida a dar corajosos saltos em direção á novidade.

Jó encaminha o que julgava ser a única saída:Um pleito judicial com o próprio Deus,uma discussão para ver com quem estar a razão,ele lança diretamente o desafio a Deus,convidando-o para um debate judicial,pretensão desmesurada?não,apenas o grito do miserável em busca de justiça,nesse desejo indomável Jó que apenas ultrapassar as mediações religiosas.

Ele pede que a terra não cubra o seu sangue derramado, isto é,a sua vida assasinada,o sangue derramado mostraria que jó foi vitima de um crime,contudo,quem seria a testemunha de Jô?estaríamos despostos a ser fiadores de “Jó”,séculos depois Jesus ouviu o defasio e respondeu afirmativamente,julgando,testemunhando,defendendo e redimindo todos os que encontrou na mesma situação,por causa disso Jesus foi morto.

Capitulo 4

.

Terceiro ato

4.1-“Vou me declarar inocente até o meu último suspiro”

Ele não tem disposição para ouvir,mas quer falar e ser ouvido,os amigos tinham descrito o destino trágico do injusto,Jó queria um debate judicial com Deus afim de provar a própria inocência,elifaz se apresenta como o representante de Deus,para o debate,segundo elifaz,Jó está cego,e não vê que experimenta a desgraça porque acha que Deus não vê nem julga os homens.

Vemos aqui como Jó compara a sua situação com a do povo oprimido,Baldad percebeu que Jó atacara a idéia de providencia divina,notemos porem,o interesse mercantilista implicado no dogma da retribuição,tão relacionamento não deixa o mínimo de espaço para gratuidade,a religião se transforma em sistema mecânico para manipular o próprio Deus.

Jó,porem não se contenta com os intermediários da religião,porque já conhece as respostas que darão,ele também ironiza os amigos,repetindo com sarcasmo criticas que já fizera,porque o que ele quer é uma nova experiência de Deus que revele e faça desabrochar a sua nova vida.

Capitulo 5

5.1-o insodavel, mistério da sabedoria.

O poema contido nesse capitulo constitui um todo unitário em si mesmo e poderia estar tanto aqui como em qualquer outro lugar.

Jó afirmara que iria explicar o poder e os projetos de Deus,é possível que,diante de tal pretensão,alguém mais tarde tenha inserido aqui este mistério insodavel.

O homem é qualitativamente superior a qualquer outro ser da natureza e unindo sua inteligência á coragem realiza verdadeiros milagres no domínio da tecnologia,todavia a tecnologia falha na busca da sabedoria e do discernimento,a sabedoria portanto não se encontra na dimensão em que o homem vive,mesmo que se encontrasse neste mundo,como o homem poderia adquiri-la?

Capitulo 6

Monologo de Jó:

6.1-“Que o todo poderoso me responda”

Jó permanece solitário e em sua solidão,faz um balanço dramático de sua vida e situação abarcando o passado e o presente,e voltando-se para o futuro,prepara sua arma que não mais que três protestos ou juramentos d integridade-pessoal,social,religiosa,culminando com um desafio.

-Integridade social:A relação social é contemplada em dois caso,primeiro , não violava o direito dos escravos,ao contrario,superou a lei,segundo,não lesou nem desrespeitou os direitos dos pobre e fracos.

-Integridade pessoal: no que se refere a sua vida pessoal,ele é irrepreensível,evitou a concupisciencia.

-integridade religiosa: na campo das relações com Deus ele não praticou a idolatria,embora rico nunca considerou a riqueza como absoluta.

Resumindo,os três protestos de integridade são uma confissão do justo a respeito da sua própria justiça,Jó não tem nada a acrescentar ,e grita o seu desafio diretamente para Deus.

Capitulo 7

Monologo de Eliú:

7.1-Educação pelo sofrimento.

Pela seqüência normal do livro esperávamos agora a resposta de Deus ao desafio de Jó,em vez disso temos o longo discurso de Eliú,oseu enfoque do tema é diferente:Jó e os amigos perguntam o “porque” do sofrimento,enquanto Eliú pergunta “para que”,buscando uma finalidade para o sofrimento.

O problema é que as pessoas ou não percebem,ou não entendem ou não aceitam o que Deus fala,porque,Deus sempre fala,seja atraves de sonhos,visões e também no sofrimento,por isso o homem precisa de um mediador que interceda por ele e lhe salve a vida.

Não seria essa a nova tarefa do teólogo para ¾ da humanidade?

Eliú faz um um elogio o sofrimento,meio com o qual Deus educa tanto o injusto com o justo,embora a reação deles seja diversa.

Capitulo 8

“Agora os meus olhos te vêm”

8.1-Deus,por fim se manifesta,respondendo ao desafio de Jó,curiosamente,porem,Deus não traz uma resposta,ao contrario,faz novas perguntas,isso mostra que Deus não é resposta,mas,pergunta,ele é o mistério que interroga,e quem deve procurar respostas é o próprio homem.

Desejoso de um confronto,Jó é atendido,mas,ai,depara com um sem fim de perguntas que o desafiam,o que pretendem esse desafio,de um lado,mostrar a grandeza e sabedoria de Deus e do outro,a pequinez e ignorância do homem.

Percebemos então que ele quer deixar claro que toda teologia ou concepção de Deus é sempre relativa e limitada,podendo até mesmo impedir a experiência com o Deus vivo.

O final do Jô mostra que Deus sabe ler o mais intimo desejo do homem e responde a esse desejo,tornando-se solidário e entrando em comunhão com ele.

Capitulo 9

A retribuição

O livro traz o apelo para que os exilados não deixassem uma concepção mercantilista da religião e que não imaginassem o futuro como volta da prosperidade anterior,em vez disso,deveriam mergulhar numa nova experiência do Deus vivo e justo,então, a parti disso,reconstruir com Deus a própria vida numa luta solidária contra a força bruta e contra o mal,buscando a justiça.

Apreciação critica

O objetivo da obra é claramente exposto pelo o próprio autor “existe religião gratuita ou ela é sempre um comercio interesseiro?” e “religião,nasce do conhecimento intelectual de Deus ou nasce de uma experiência vivencial de Deus?”.

Partido deste presuposto,Ivo,mostra que um ¾ da humanidade sofre da “síndrome de Jô” vivendo oprimida,excluída no meio social,porque ainda nos nossos dias reina o dogma da retribuição,o qual se baseia numa religião mercantilista e interessera.

O livro nos leva a questionar,se o pobre é capaz de fidelidade gratuita,ele também mostra que este ¾ da humanidade com Jô clama por solidariedade,mas,ninquem se solidariza com ele,a não ser Deu,Um ponto que chama atenção é a questão sobre o “mal” e o “sofrimento”,os quais Deus domina soberanamente.

Poderíamos chamar os três amigos de Jô de teólogos que pretendem esgotar toda a fenomenologia do relacionamento humano com Deus,mas,como escapar desse conhecimento religioso que oferece ao pobre e ao fraco mais do que ideologia,Jó resistiu até o fim confiando em sua experiência com o Deus vivo.

O autor nos leva a ver que o verdadeiro satã são aqueles que detêm e manipulam o poder econômico,político e ideológico-religioso,reduzindo ¾ da humanidade á pobreza,doença e desmoralização.

Storniolo faz um questionamento interezante,poderia o teólogo ser um mediador,revelando ao pobre que sofre inocentimente o porque e para que do seu sofrimento?sim,cantanto que o teólogo não fosse da linha dos três amigos de Jô,a linha da culpabilização e nem a linha da educação pelo sofrimento,pois os pobres precisam de teólogos que parta da experiência que eles tem de Deus,um Deus que se solidariza e luta contra a gigantesca violência que oprime.

O escritor finaliza o livro mostrando que muitos na realidade pensam que o caminho da religião é para cima e não para baixo,ele ,para dar ênfase a isto,cita Tagore o qual diz”meu Deus,aqueles que possuem tudo menos a ti,riem-se daqueles que nada possuem alem de ti”(R.tagore,pássaros perdidos,226)

Isso nos leva a fazer uma seria revisão daquilo que chamamos de religião,dessa forma,o autor lembra uma verdade que sempre é esquecida que”Deus é Deus,e o homem não é Deus”,fica claro que toda teologia ou concepção de Deus é sempre relativa e limitada,Tomas de Aquino já dizia que a fé não termina no enunciado,mas na própria coisa,religião não é primeiramente ciência,mas experiência,a ciência teológica se refere á fé e á religião,mas, não as substitui porque a religião é um ato vital,pois a verdadeira teologia que liberta o pobre e o fraco deve ser feita a partir da experiência que o pobre e o fraco tem de Deus.

AUTOR DO PECADO

Resenha

Autor do Pecado

Autor: Chéung.vicent

  • Perspectiva da obra

O autor tem como principal pretensão mostrar que a soberania de Deus, faz de Deus o autor do pecado, ele vai usar como argumentação, o texto de Is.45.5-7 e Rm.9.19-21, Vicent relata que os cristãos para negar esta idéia de que Deus é o autor do pecado, usa textos como Tg.1.13,17,que para ele são respostas falaciosas, fracas,evasiva e incoerentes.

  • Principais argumentos do autor

A soberania divina é o principal argumento, partindo deste pressuposto, o autor afirma que jamais encontrou explicação teológica e filosófica convincente mostrando o que há de errado em Deus ser o autor do pecado,pois, para Vicent não há qualquer problema bíblico ou racional.

Na questão apologitica dos cristãos sobre esse tema, o escritor argumenta que são todas cheias de equívocos de interpretação das escrituras,como em Tg.1.13,17.

Cheung, finaliza afirmando “A bíblia repreende o objetor e responde a objeção:pelo contrario,ela ousadamente diz que Deus tem o direito de fazer tudo o que ele quer e que ele faz tudo o que ele quer”.

  • Apreciação critica

Podemos perceber que toda discurção estar em volta da soberania de Deus, a qual segundo a visão do autor da total direito para que Deus seja o autor do pecado, uma vez que Deus cria tudo e deixa a criatura sem opção de escolha, o autor usa como base para este argumento os textos de Is.45.5-7 e Rm.9.19-21,com esses textos ele induz um certo determinismo divino junto com predestinação e eleição.

Partindo deste pressuposto deduz que o pecado é metafísico e que não existe escolha própria, pois todo discurso estar relacionado com Deus, mas, vejo que Vicent só inclui dois personagens diretamente no texto, esquecendo de um terceiro que é satã, o antigo querubim,pois, o primeiro relato de pecado nas escrituras é na metafísica,causado por esse anjo,em Ez.28.15 relata isso e em Tg.1.14,15 diz que cada um é atraído pela a sua própria concupiscência, a qual da a luz ao pecado, nota-se que o primeiro ser em que foi achado com concupiscência foi lucifé e este mesmo, induziu o primeiro casal á pratica.

Então,quem seria o verdadeiro autor do pecado?